No coração do Sul do Piauí, uma denúncia estremeceu a pequena Cristalândia do Piauí. Através de um desabafo nas redes sociais, uma mãe revelou o tratamento inadequado recebido por seu filho com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na Escola Municipal Cleidinha. O episódio, classificado pela genitora como "constrangedor e doloroso", levanta sérios questionamentos sobre a preparação das instituições de ensino para acolher crianças neurodivergentes.
Segundo a mãe, a situação ocorreu após um incidente de higiene envolvendo o menino, identificado apenas como B. para preservar sua identidade. Em vez de receber o suporte necessário, a criança foi simplesmente afastada do convívio com os colegas, ficando isolada durante o momento do lanche escolar.
"Quando cheguei à escola, encontrei meu filho completamente sozinho, sem qualquer acompanhamento, tentando lanchar isolado dos demais. Foi devastador presenciar aquela cena", relatou a mãe em seu comunicado público.
As lágrimas, segundo ela, foram inevitáveis diante do abandono evidente da criança.
O episódio não representa um caso isolado. A denunciante enfatiza que situações semelhantes têm se repetido com frequência alarmante, sugerindo um padrão de despreparo institucional.
"Receber ligações e áudios das professoras apenas para informar que meu filho havia feito cocô, e descobrir que ele já estava fora da sala antes mesmo da minha chegada, foi uma das experiências mais revoltantes para toda nossa família", desabafou.
O DRAMA SILENCIOSO DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS AUTISTAS
O caso expõe uma realidade enfrentada por milhares de famílias brasileiras: a luta diária pela inclusão efetiva de crianças com TEA no ambiente escolar. Especialistas apontam que episódios como este podem causar traumas significativos, comprometendo o desenvolvimento socioemocional e a autoestima da criança.
Após o incidente, a mãe tomou a iniciativa de dar banho no filho e reintegrá-lo à sala de aula, assumindo uma responsabilidade que, por lei, deveria ser compartilhada com a instituição de ensino. A legislação brasileira é clara ao garantir às crianças com TEA não apenas o acesso, mas a permanência digna e segura no ambiente escolar, com suporte adequado de profissionais capacitados.
A repercussão nas redes sociais foi imediata. Moradores de Cristalândia e internautas de todo o país expressaram indignação com o tratamento dispensado ao menino. Familiares da criança agora cobram respostas e medidas concretas tanto da direção escolar quanto das autoridades municipais.
SILÊNCIO INSTITUCIONAL
Até o fechamento desta reportagem, nem a direção da Escola Municipal Cleidinha nem representantes da Secretaria Municipal de Educação de Cristalândia do Piauí haviam se manifestado oficialmente sobre o ocorrido. O silêncio institucional apenas intensifica a angústia da família e levanta questionamentos sobre a transparência no tratamento de casos envolvendo crianças em situação de vulnerabilidade.
Especialistas em educação inclusiva consultados pela reportagem destacam que situações como esta evidenciam falhas sistêmicas na capacitação de profissionais da educação.
"Não basta apenas matricular a criança com TEA. É fundamental que toda a equipe escolar esteja preparada para lidar com as particularidades desses estudantes, especialmente em momentos delicados como questões de higiene", explica uma consultora em educação inclusiva.
A denúncia de Cristalândia do Piauí não é isolada no cenário nacional. Dados do Ministério da Educação indicam que, apesar dos avanços legislativos, a implementação prática da educação inclusiva ainda enfrenta obstáculos significativos, principalmente em municípios menores, onde a capacitação profissional e os recursos são mais limitados.
POST DA MÃE NAS REDES SOCIAIS
O QUE DIZ A LEI SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR
A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012) asseguram às pessoas com TEA direitos específicos no ambiente educacional. Entre eles, destacam-se o acompanhamento especializado quando necessário e a garantia de adaptações razoáveis conforme as necessidades individuais.
O episódio em Cristalândia evidencia o abismo entre a legislação e a prática cotidiana nas escolas brasileiras. Enquanto a família aguarda posicionamento oficial das autoridades locais, cresce o movimento nas redes sociais por justiça e pela implementação efetiva de políticas inclusivas que respeitem a dignidade de todas as crianças, independentemente de suas condições neurológicas.
Para a mãe do menino B., resta a esperança de que sua denúncia pública sirva como catalisador para mudanças concretas, não apenas na Escola Municipal Cleidinha, mas em todo o sistema educacional da região.
"Nenhuma criança merece passar pelo que meu filho passou. Estou falando porque quero evitar que outras famílias vivenciem esta dor", finalizou em seu relato.
ESPAÇO PARA RESPOSTA
A produção do Portal Arquivo 1 tentou contato com representantes da Escola Municipal Cleidinha e da Secretaria Municipal de Educação de Cristalândia do Piauí, mas ninguém foi localizado. O espaço para manifestação estará sempre aberto.
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