Homem tenta matar ex-mulher e para fugir da polícia quase tira a própria vida no Piauí

Mesmo com um grave ferimento na cabeça a vítima revelou no hospital que havia sido agredida pelo ex-marido

A tranquilidade do interior piauiense foi quebrada por um caso chocante de violência doméstica que quase terminou em tragédia. Uma mulher de 33 anos escapou por pouco da morte após ser brutalmente agredida pelo ex-companheiro, um homem de 50 anos que ignorou completamente as medidas protetivas impostas pela justiça.

O drama começou a se desenrolar quando a vítima deu entrada no Hospital Regional Mariana Pires Ferreira com um grave ferimento na cabeça. Inicialmente, a equipe médica suspeitou de um acidente de trânsito - versão que logo seria desmentida pela própria vítima em um ato de coragem que mudaria o rumo das investigações.

Mesmo debilitada e prestes a ser transferida para uma unidade de saúde mais especializada em Picos, a mulher reuniu forças para revelar a verdade: não havia sofrido acidente algum, mas sim sido atacada violentamente pelo homem que prometera amá-la.

"Foi um momento decisivo. Se ela não tivesse conseguido falar, o agressor poderia ter escapado impune", revelou uma fonte ligada ao caso.

A revelação desencadeou uma operação fulminante. Equipes da Patrulha Maria da Penha e do Grupamento da Polícia Militar de Acauã, subordinados ao 20° BPM, mobilizaram-se imediatamente. A caçada ao agressor não duraria muito.

O homem foi localizado na região de Pau Ferro, área remota no limite entre Paulistana e Acauã. Ao perceber a aproximação das viaturas, o suspeito tomou uma atitude desesperada: ingeriu soda cáustica numa tentativa frustrada de suicídio.

Os policiais prestaram socorro imediato, transportando-o ao Hospital Regional de Paulistana, onde permanece internado sob escolta policial.

"A tentativa de tirar a própria vida não apaga a gravidade do crime cometido", afirmou um dos policiais envolvidos na operação.

O caso expõe a triste realidade da violência doméstica que persiste mesmo com medidas protetivas. O agressor agora enfrenta acusações de tentativa de feminicídio, com agravantes pelo descumprimento das ordens judiciais estabelecidas pela Lei Maria da Penha.

Enquanto isso, a vítima luta pela vida em um hospital de Picos, transformada involuntariamente em símbolo da resistência contra a violência doméstica que ainda assola o interior do Brasil.

MEDIDAS PROTETIVAS IGNORADAS: O PADRÃO QUE SE REPETE

Especialistas apontam que o desrespeito às medidas protetivas é um dos principais fatores que levam a desfechos trágicos em casos de violência doméstica. No Piauí, os números são alarmantes: cerca de 70% dos agressores violam as restrições impostas pela justiça.

"Muitas vezes, a medida protetiva é apenas um papel sem força real para impedir um homem determinado a agredir", explica Maria Souza, coordenadora de um centro de apoio a mulheres vítimas de violência.

A Patrulha Maria da Penha, unidade especializada que participou da captura do agressor, tem intensificado suas ações no interior do estado, mas enfrenta desafios como a extensão territorial e o número limitado de efetivos.

"Cada caso como este que conseguimos interceptar representa vidas salvas", destaca o comandante da unidade.

SINAIS DE ALERTA QUE NÃO PODEM SER IGNORADOS

- O caso de Paulistana reforça a importância de identificar sinais precoces de relacionamentos abusivos:

- Controle excessivo sobre rotinas e amizades

- Ciúmes patológicos e acusações infundadas

- Isolamento progressivo da vítima

- Ameaças veladas ou explícitas

- Histórico de agressividade

Para especialistas, o momento mais perigoso é justamente após o término do relacionamento, quando o agressor sente que perdeu o controle sobre a vítima.

"O período imediatamente após a separação exige vigilância redobrada, tanto da vítima quanto das autoridades", alerta o delegado responsável pelo caso.

Enquanto o agressor permanece hospitalizado sob custódia policial, a comunidade de Paulistana se mobiliza em apoio à vítima, organizando campanhas de conscientização e arrecadação para auxiliar em sua recuperação.

O caso, que poderia ter terminado em mais uma estatística de feminicídio, transformou-se em um alerta sobre a necessidade urgente de fortalecer a rede de proteção às mulheres no interior do país.

Mesmo ferida, a vítima revelou o que havia ocorrido / FOTO: Divulgação PM-PI