Ministério Público protocola denúncia contra vereadora Tatiana Medeiros por diversos crimes

A acusação formal detalha como cada denunciado desempenhava funções específicas dentro do esquema apontado na investigação

A vereadora Tatiana Medeiros teve seu nome estampado em denúncia formal protocolada nesta segunda-feira (12/05) pelo Ministério Público Eleitoral, através do promotor João Batista de Castro Filho, da 98ª Zona Eleitoral de Teresina.

A investigação, batizada de "Operação Escudo Eleitoral", não se limitou apenas à vereadora. Outros oito indivíduos, incluindo parentes próximos, assessores parlamentares e até um homem acusado de ligação com uma facção criminosa.

A acusação formal detalha como cada denunciado desempenhava funções específicas dentro da organização, formando uma estrutura estável e coordenada para cometer diversos crimes eleitorais e financeiros. Entre os acusados, destacam-se:

- Tatiana Teixeira Medeiros: acusada de organização criminosa (pena de 3 a 8 anos), corrupção eleitoral em 103 ocasiões distintas (cada uma podendo render até 4 anos de prisão) e falsidade ideológica eleitoral (até 5 anos).

- Emanuelly Pinho de Melo: denunciada por organização criminosa, corrupção eleitoral em 31 ocasiões e lavagem de dinheiro (3 a 10 anos).

- Bianca dos Santos Teixeira Medeiros: acusada de organização criminosa e corrupção eleitoral em 9 ocasiões.

- Lucas de Carvalho Dias Sena: denunciado por organização criminosa e corrupção eleitoral em 2 ocasiões.

- Bruna Raquel Lima Sousa e Sávio de Carvalho França: ambos acusados de organização criminosa e corrupção eleitoral em 7 ocasiões cada.


LEIA TAMBÉM

Justiça decide pela manutenção da prisão preventiva de vereadora Tatiana Medeiros

Tatiana Medeiros: Polícia Federal solicita manutenção da prisão da vereadora de Teresina

TRE-PI decide destino de parlamentar teresinense acusada de ligação com o crime organizado

Prisão de veradora de Teresina pode facilitar expulsão do PSB, diz Washington Bonfim


A denúncia aponta o Instituto Vamos Juntos, uma ONG que funcionaria como central de compra de votos e lavagem de dinheiro. Presidida pela mãe da vereadora, Maria Odélia de Aguiar Medeiros, a entidade mantinha um cadastro irregular de eleitores, armazenando informações como número do título eleitoral, zona e seção de votação.

As investigações revelaram que a ONG distribuía cestas básicas e fazia promessas de emprego em troca de votos, numa clara violação da legislação eleitoral. O mais alarmante: as movimentações financeiras da instituição cresceram 1.180,39% no ano eleitoral de 2024 em comparação ao ano anterior, disparando sinais de alerta para as autoridades.

A engrenagem financeira do esquema incluía transferências bancárias suspeitas para Stênio Ferreira Santos, padrasto da vereadora, totalizando R$ 201.000,00. Os investigadores encontraram fortes indícios de que estes valores foram direcionados para financiar ilegalmente a campanha eleitoral.

Além disso, a denúncia expõe a prática de "rachadinha" - Stênio, que ocupava cargo na Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI), supostamente repassava parte de seus salários para Tatiana Medeiros, caracterizando enriquecimento ilícito às custas do erário público.

Um dos personagens mais controversos desta trama é Alandilson Cardoso Passos, apontado como líder da facção "Bonde dos 40" e namorado da vereadora. Segundo o MPE, ele desempenhou papel crucial no financiamento da campanha, utilizando recursos de origem ilícita e realizando transações financeiras complexas para ocultar a procedência do dinheiro.

Em conversas interceptadas pelas autoridades, Alandilson mencionou a venda de uma Land Rover para efetuar pagamentos relacionados à campanha. Em outro trecho revelador, afirmou que com a eleição de Tatiana, teria "uma vereadora na câmara para ajudar" - declaração que sugere a intenção de utilizar o mandato para beneficiar interesses escusos.

O Ministério Público Eleitoral construiu um caso robusto, sustentado por interceptações telefônicas, extratos bancários, análise de dados telemáticos, documentos apreendidos e depoimentos de testemunhas.

Além das potenciais penas de prisão, que somadas podem chegar a décadas de reclusão, o MPE solicita:

- Reparação de danos no valor mínimo de R$ 2 milhões pelos prejuízos causados à ordem pública, à legalidade e transparência do processo eleitoral.

- Perda de todos os bens, direitos e valores obtidos como produto dos crimes.

- Cassação do mandato de vereadora.

- Interdição para exercício de função ou cargo público pelo prazo mínimo de 8 anos após o cumprimento da pena.

Vereadora Tatiana Medeiros / FOTO: Reprodução Instagram

O OUTRO LADO

A produção do Portal Arquivo 1 não conseguiu contato com os denunciados, mas o espaço esttá aberto para apresentares suas defesas.

E-mail de contato: blogdodouglascordeiro@gmail.com