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Brasil influenciando eleições nos EUA? Quem poderia imaginar!

Os democratas não vão pisar na cabeça de Bolsonaro, sabem que a China é um problema para eles e são talvez mais protecionistas que os republicanos

21 de setembro de 2020, às 15:00 | Genésio Júnior

Se a Política é a guerra em tempos de paz, não se faz embates sem olhar para um mapa e para o calendário!

Nesta terça-feira, 22, começa a primavera no hemisfério sul e o outono no hemisfério norte. O Banco Central dos Estados Unidos manteve taxa de juros perto de 0% e no Brasil o Copom do nosso BC manteve em 2% a taxa Selic. Na Europa, países como Inglaterra, Espanha e França dão sinais de medo de uma segunda onda da pandemia da covid-19. Faltam 44 dias para as eleições nos Estados Unidos e 56 dias para as eleições municipais no Brasil.

A estada do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Roraima, depois de um giro pela América do Sul, dizendo que se trabalha para tirar Nicólas Maduro da Venezuela e a decisão do STF em deixar para depois se o Presidente Jair Bolsonaro vai prestar depoimento, pessoalmente ou por escrito a Polícia Federal no famoso caso em que é acusado pelo ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro de fazer interferência política na Polícia Federal, fecharam a semana e devem mexer com o início desta.

Particularmente, o caso envolvendo Mike Pompeo em que as eleições americanas ganham um apoio do Governo do Brasil, em favor de Donald Trump, é bem interessante. Normalmente, os EUA é que tinham interesse em influenciar nas eleições brasileiras. O Brasil mudando de posição, por mais que possa ser visto como atitude sabuja pela oposição e outros setores centristas, como se viu nas críticas vindas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de chanceleres brasileiros contemporâneos - tem um ingrediente pra-lá de especial.

Já se tem falado que se retoma na América a Doutrina de Monroe, que foi cunhada em 1.823, em declaração feita ao Congresso dos EUA, pelo então presidente James Monroe (1.817/1.825) que advertia as Coroas Europeias para se afastarem com seu imperialismo das Américas, pois defendia a “América para os Americanos”. Na verdade, só retórica, pois ele queria as três Américas para os estadunidenses. Trump se reeleito vai fazer de tudo para tirar Maduro, na marra. Não vai poder, pois Maduro ainda tem algum suporte dos russos e chineses e a Nações Unidas (ONU) não dariam suporte, mas o sufoco econômico seria fatal, certamente.

Trump já sinalizou que sua defesa dos Estados Unidos “Great Again”, em tese, permitiria deixar a América do Sul para o seu fiel apoiador Jair Bolsonaro, no Brasil. Pode parecer uma ilusão, quimera o Brasil como um preposto para a nova Doutrina de Monroe. Por mais que o Bolsonarismo possa divulgar esse novo status, Brasil ajudando Trump que faria Brasil maior, é pouco crível que isso possa se confirmar, infelizmente, claro se Trump ganhar!

Esse episódio em que o Trump preferiu atender o pessoal do etanol dos EUA contra os interesses do Brasil em momento que o agronegócio ainda é a nossa maior força econômica só enfraquece essa tese. Trump quer agradar só o seu público e tudo indica vai nos atrapalhar mais que ajudar na questão do 5G.

Ainda tem uma questão bem simples, aí. E, em tese, nos coloca 50% em risco de termos muitos problemas. Se der tudo errado(!) e o democrata Joe Biden ganhar as eleições de novembro, lá no EUA, teremos que nos reinventar, mas não dá para mudar a roupa de festa sem parecer uma grande palhaça diplomática.  

Não duvidem, a velha Doutrina de Monroe não vai ser jogada na lata de lixo, mesmo com a vitória de Biden. Os democratas não vão pisar na cabeça de Bolsonaro, sabem que a China é um problema para eles e são talvez mais protecionistas que os republicanos, que ao contrário de Trump, são tradicionalmente abertos aos negócios. Teremos outros problemas, mas aqui pra nós, não deixa de ser inusitado o Brasil influenciando nas eleições americanas, lá isso é!


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