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Diante do que estamos passando, não precisava tanto!

A manifestação “controlada” dos apoiadores neste domingo, na Esplanada dos Ministérios, não veio com as faixas pedindo AI-5 e intervenção militar

18 de maio de 2020, às 12:00 | Genésio Júnior

A segunda quinzena de maio prometia ser marcada por uma ação coordenada do Governo Bolsonaro para pressionar os governos municipais e estaduais para só, em seguida, vir a esperada sanção da lei de socorro a estados e municípios por conta dos efeitos da pandemia na arrecadação desses entes federados. Isso seria fundamental para lidar com a pressão que vem do Judiciário.

Essa turma dos capas pretas não se move por emenda parlamentar ou por favores de um governo, especialmente quando boa parte do jogo está nas mãos do mais veterano dos ministros do Supremo que está à beira de sair do cargo. Não é bom esquecer que o governo perdeu seu segundo ministro da Saúde em menos de um mês. Mais que uma excentricidade. 

A manifestação “controlada” dos apoiadores neste domingo (17/05), na Esplanada dos Ministérios - não veio com as faixas pedindo AI-5 e intervenção militar com Bolsonaro. Tolo quem acredita que foi espontâneo. Infelizmente, o bolsonarismo raiz é antidemocrático. Mas a verdade, é que o evento foi a caráter para quem deseja alguma paz com os poderes.

A divulgação do vídeo da reunião do dia 22 de abril do conselho de governo, que está pendente de liberação pelo ministro Celso de Melo. AGU e PGR fizeram pedidos para que não fosse de todo divulgado, enquanto a defesa do ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro deseja  uma ampla divulgação. Estava no meio-a-meio. Libera ou libera parte, mas aí apareceu uma pedra no caminho.

A entrevista do empresário Paulo Marinho, filiado ao PSDB, pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, mas que foi notória sua presença na campanha presidencial vitoriosa de Jair Bolsonaro, em 2018, fez explodir tudo isso!

Entre outras revelações, ele diz que os Bolsonaro souberam pouco antes do segundo turno de 2018 por um delegado da Polícia Federal (PF) sobre operação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a Assembleia Legislativa do RJ, que exporia a relação da família com Fabrício Queiróz, nas já famosas rachadinhas que vem chamando atenção há tempos, mas que só ficaram evidentes passada as eleições. Enfim, problemas de sobra. A família Bolsonaro sabe, na prátia, que ter controle total do indicado da PF no Rio de Janeiro tem muita relevância.

Em tese, se deve dar um grande desconto nisso tudo. Paulo Marinho é suplente do senador Flávio Bolsonaro (REPUBLICANOS-RJ). A família lhe tinha em grande conta. A campanha presidencial foi feita na casa dele, lá no Rio de Janeiro, que virou estúdio e banker de campanha. Eles se afastaram, isso é público. Se o senador Flávio Bolsonaro cair, quem assume é Marinho - estamos em ano eleitoral, acredite.

O problema é que Marinho citou muita gente nisso e uma boa investigação deve ser convocada. A oposição fala em anulação da eleição, aquela gritalhada que você pode ai ficar a imaginar.

Mais que ter que dar explicações, o que se pode especular é que essa situação tende a colocar gasolina na decisão do ministro Celso de Mello, sobre se libera ou não a íntegra do acesso ao vídeo da reunião do dia 22 de abril.

Quanto mais dúvidas surgem, se o Presidente Bolsonaro queria influenciar na Polícia Federal, mais dificuldades surgem pela frente.

Quem está adorando é a turma do novo poder. São muitas missões que surgem. Manter vetos, já são dois, enterrar ao menos duas CPI’s e entubar uma CPMI. Bolsonaro tem essas dificuldades políticas todas. Não é bom esquecer que a pandemia e a crise econômica estão nos deixando assustados.

Não sei o que você acha aí, mas não precisávamos viver tudo isso, heim!?

Presidente Jair Bolsonaro / Foto: Agência EBC


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