A facada em Bolsonaro tem a digital da rivalidade política no Brasil
O Brasil virou, literalmente, uma sociedade doente, um país contaminado pelo ódio por quem pensa diferente
“Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lá.”
Voltaire
A frase do filósofo francês, Voltaire, é um contraponto a radicalização política instalada no Brasil que saiu das redes sociais, das discussões e das manifestações e por pouco não tirou a vida do candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro, esfaqueado em Minas Gerais, enquanto fazia campanha.
A faca, que atingiu o presidenciável, tem a digital de todos aqueles que durante anos, diariamente, dedicam-se a atacar todos que não comungam dos seus pensamentos. O Brasil virou, literalmente, uma sociedade doente, um país contaminado pela intolerância, que esqueceu valores básicos como o respeito, a liberdade de expressão e o direito ao contraditório.
Vivemos em um ambiente de desavenças, do nós contra eles, de querer que suas ideias prevaleçam não através do diálogo, do debate, mas da força, da agressão, dos ataques a reputação, da desqualificação de quem pensa diferente.
Um país que lutou pela democracia, que viveu sob a opressão de um regime militar que matou, torturou e retirou direitos dos brasileiros, parece ter esquecido completamente desse passado não tão distante.
As redes sociais são um ambiente fértil para a proliferação desse fundamentalismo político. Esqueça qualquer noção de bom senso, não existem limites, a regra é massacrar, destruir. Quem não pensa como você não tem o direito, sequer, de manifestar esse pensamento.
Para onde vamos? É este o tipo de relação que queremos com quem não pensa como nós? Além de Bolsonaro, milhares de brasileiros são esfaqueados todos os dias em suas reputações, pensamentos e posicionamentos. É hora de mudar a rota e retomarmos o caminho de uma civilização que não só preserva mas pratica seus valores democráticos.
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