Política

Chacina da Meruoca: Assembleia aprova indicativo de pensão vitalícia para famílias das vítimas

Familiares de mortos em operação policial desastrosa receberão 5 salários mínimos mensais após 25 anos de espera


Em um movimento que busca reparar uma das páginas mais sombrias da história policial piauiense, a Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI) deu um passo significativo em direção à justiça tardia. Em meados de abril, os parlamentares aprovaram um indicativo de projeto de lei que garante pensão vitalícia aos familiares das vítimas da Chacina da Meruoca, tragédia ocorrida em 1999, quando uma operação da Polícia Militar resultou em mortes na zona rural de José de Freitas.

O drama das famílias, que por mais de duas décadas conviveram com a dor da perda e a ausência de reparação adequada, agora encontra um alento financeiro. Cada beneficiário receberá mensalmente o equivalente a cinco salários mínimos, valor que atualmente soma R$ 7.590,00, incluindo décimo terceiro pagamento anual.

A iniciativa, apresentada pela deputada Ana Paula (MDB-PI), contempla não apenas o aspecto financeiro, mas também garante aos familiares acesso ao convênio PLAMTA/IASPI, nas mesmas condições oferecidas aos servidores públicos estaduais, ampliando a rede de proteção social a esses cidadãos marcados pela violência estatal.

QUEM SÃO OS BENEFICIÁRIOS DA PENSÃO VITALÍCIA

O texto aprovado nomeia especificamente todos os beneficiários, reconhecendo oficialmente o direito das viúvas, filhos e mães das vítimas:

- Maria do Carmo da Silva Barreto (viúva) e seus filhos Marciel e Mikail Barreto de Sousa, familiares de Manoel Pereira de Sousa.

- Maria Inês Cronemberger (viúva) e seus filhos Sabrina, Rodrigo Paulo e Samanta Caroline Cronemberger, familiares de Luís Paulo Cronemberger.

- Aldemara Raquel da Cunha, mãe de Aires José da Cunha.

- Valdênia da Silva (viúva) e seus filhos Kênia Marcília, Carla Priscila, Pamella Laisla e Débora Caroline da Silva, familiares de Vanderli Correia da Silva.

A lista detalhada evidencia o impacto humano da tragédia, revelando que quatro homens perderam suas vidas, deixando esposas, filhos e mães em situação de vulnerabilidade emocional e financeira.

BENEFÍCIOS ALÉM DO VALOR MONETÁRIO

O projeto vai além da compensação financeira mensal. Os beneficiários terão direito ao 13º pagamento anual, equiparando a pensão a um salário regular, e poderão acessar o sistema de saúde estadual através do convênio PLAMTA/IASPI nas mesmas condições dos servidores públicos.

Esta medida representa um reconhecimento oficial da responsabilidade do Estado no episódio que marcou a história do Piauí e simboliza, ainda que tardiamente, um gesto de reparação às famílias que tiveram suas vidas drasticamente alteradas pela violência policial.

UM CAPÍTULO OBSCURO NA HISTÓRIA POLICIAL PIAUIENSE

A Chacina da Meruoca ocorreu em 1999, quando uma operação da Polícia Militar do Piauí resultou na morte de quatro homens na localidade de Meruoca, zona rural de José de Freitas. O caso tornou-se emblemático no estado como exemplo de abuso de poder e uso desproporcional da força por agentes de segurança.

Durante mais de duas décadas, as famílias das vítimas buscaram reconhecimento e reparação, enfrentando a lentidão do sistema judicial e a resistência do poder público em assumir responsabilidades. A aprovação deste indicativo de projeto de lei representa um marco nessa longa jornada por justiça.

O projeto é da deputada Ana Paula / FOTO: Lucas Dias - Portal GP1

Deixe sua opinião: