Douglas Cordeiro - A Força-Tarefa no Piauí tem conseguido um combate efetivo contra as facções criminosas?
José Antônio Simões de Oliveira Franco - O Piauí é um dos poucos estados que tem uma Força-Tarefa funcionando tão bem. Os bons resultados são consequência da integração. Nós temos delegado da Polícia Federal trabalhando com delegado da Polícia Civil exclusivamente para a Força-Tarefa, coronel da Polícia Militar, policial rodoviário federal e policial penal. Nós temos recursos do Ministério da Justiça exclusivamente para a Força-Tarefa. É claro que as organizações criminosas têm uma flexibilidade maior porque atuam na ilegalidade, não tem burocracia. No nosso caso, temos que seguir procedimentos, agir dentro da legalidade. É uma engrenagem muito grande que demanda tempo. O crime organizado é um negócio, com código de ética, código de conduta e funções bem estabelecidas. Não adianta pensar que a segurança pública vai resolver o problema da criminalidade no Brasil. É necessário um trabalho conjunto do poder público oferecendo educação, saúde e oportunidade de trabalho.
Douglas Cordeiro - A polícia Federal é uma referência para outros países?
José Antônio Simões de Oliveira Franco - A Polícia Federal tornou-se uma referência nacional e internacional. A nossa academia de polícia é referência em toda a América do Sul. Policiais de vários países são capacitados na nossa academia em Brasília. Tem uma estrutura fantástica inclusive com cidade cenográfica para simulação de situações reais. A capacitação dos nossos servidores é sempre um dos pilares principais da instituição. Nenhum país do mundo consegue realizar uma operação em diversos estados ao mesmo tempo. Quando nós mostramos esta logística, em um evento internacional, polícia de outros países ficam surpresos. Esta é uma prática quase exclusiva do Brasil. Poucos países conseguem desenvolver uma ação simultânea como fazemos aqui.
Douglas Cordeiro - Superintendente, como a Força-Tarefa conseguiu identificar o autor do disparo no rosto do advogado André de Almeida Sousa?
José Antônio Simões de Oliveira Franco - Este foi um caso que gerou uma comoção social muito grande e revela, infelizmente, o momento que o Piauí vem enfrentando em relação as facções criminosas. Por isso, eu reforço a importância da Força-Tarefa de Segurança Pública, idealizada pelo Ministério da Justiça, composta por instituições federais e estaduais, que proporciona uma rapidez nas investigações e resultados mais efetivos. Neste caso, foi possível através de imagens de câmeras de vigilância, identificar uma tatuagem da esposa do Francisco Jefferson (autor do disparo). No ano passado, na Operação Desmonte III, da Força-Tarefa, os policiais encontraram documentos dele. Com base nisso e em outros elementos produzidos durante a investigação, ficou claro que ele é membro de uma facção criminosa.