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Facções, tráfico e pedofilia. Conheça o trabalho da Polícia Federal no Piauí

O superintendente, José Antônio Simões de Oliveira Franco, falou da estrutura e como ocorre o combate a diversos crimes

Reportagem de Douglas Cordeiro

A Polícia Federal comemora 79 anos de fundação. Criada em 1944, através do Decreto-Lei nº 6.378, como DFSP (Departamento Federal de Segurança Pública). A partir da Constituição Federal de 1967, passou a ser chamada de Polícia Federal e exerce o papel de polícia judiciária da União.

No Piauí, a instituição é comandada pelo delegado José Antônio Simões de Oliveira Franco. Ele é graduado em Direito pela Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, na cidade de Marília, São Paulo. Fez pós-graduado em Direitos Humanos e Cidadania e em Segurança Pública e Cidadania, pela Universidade Federal da Grande Dourados, no Mato Grosso do Sul.

Ingressou na Polícia Federal, como delegado, no ano de 2007. Atuou como Chefe Substituto da Delegacia de Dourados/MS, Supervisor do Grupo de Investigações Sensíveis no Mato Grosso do Sul e como Delegado Regional Executivo das Superintendências de Rondônia, do Rio Grande do Norte e do Ceará.

José Antônio Simões de Oliveira Franco é professor da Academia Nacional de Polícia, em Brasília, coordenou a CESPORTOS (Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis) nos estados de Rondônia, Rio Grande do Norte e Ceará.

FOTOS: Jailson Soares / Sistema O Dia de Comunicação

No ano passado, realizamos 63 operações, cumprimos 229 mandados de busca e apreensão, 63 mandados de prisão e apreendemos R$ 16. 198.513,45. .

Douglas Cordeiro - Superintendente, qual a estrutura da Polícia Federal no Piauí?

José Antônio Simões de Oliveira Franco - Atualmente, contamos com 215 servidores entre policiais e funcionários do setor administrativo, além de terceirizados e estagiários. Este efetivo realizou em 2022, 63 operações, foram cumpridos 229 mandados de busca e apreensão, 63 mandados de prisão e apreendeu R$ 16. 198.513,45 oriundos das investigações. No ano passado, foi criado o Grupo Especial de Rastreamento e Capturas que foi responsável por 85% das prisões durante a o ano. A produtividade foi alta, mas nós temos potencial para produzir ainda mais. Nós começamos este ano com uma produção maior que no ano passado. Temos procurado melhorar muito no aspecto tecnológico e apesar do nosso efetivo reduzido, mas muito bem capacitado, com treinamento contínuo, nas áreas de investigação e operacional. Este é o nosso foco, capacitar os nossos profissionais proporcionando maior efetividade no nosso trabalho. No ano passado nós tínhamos cerca de 1.500 inquéritos em andamento e conseguimos reduzir para 1.170 com um trabalho de saneamento. O objetivo é reduzir ainda mais para ficar na qualidade da investigação.

Douglas Cordeiro – Qual o objetivo da criação do Grupo Especial de Rastreamento e Capturas?

José Antônio Simões de Oliveira Franco - A Polícia Federal tem várias atribuições. Uma delas é capturar pessoas com mandado de prisão expedido pela Justiça Federal. O grupo foi criado para cumprir os mandados de pessoas sentenciadas por decisão condenatória em definitivo. São policiais treinados para análise de banco de dados, para buscar informações em diversas fontes e localizar estas pessoas que estão foragidas. São prisões relacionadas a diversos casos, desde estelionato até tráfico de drogas internacional. Estes policiais pesquisam permanentemente para localizá-los e prendê-los. É importante ressaltar que só este ano já estamos próximos de atingir os números de 2022. Essa evolução só foi possível com a aproximação das polícias estaduais.

O crime organizado é um negócio, com código de ética, código de conduta e funções bem estabelecidas. .

Douglas Cordeiro - A Força-Tarefa no Piauí tem conseguido um combate efetivo contra as facções criminosas?

José Antônio Simões de Oliveira Franco - O Piauí é um dos poucos estados que tem uma Força-Tarefa funcionando tão bem. Os bons resultados são consequência da integração. Nós temos delegado da Polícia Federal trabalhando com delegado da Polícia Civil exclusivamente para a Força-Tarefa, coronel da Polícia Militar, policial rodoviário federal e policial penal. Nós temos recursos do Ministério da Justiça exclusivamente para a Força-Tarefa. É claro que as organizações criminosas têm uma flexibilidade maior porque atuam na ilegalidade, não tem burocracia. No nosso caso, temos que seguir procedimentos, agir dentro da legalidade. É uma engrenagem muito grande que demanda tempo. O crime organizado é um negócio, com código de ética, código de conduta e funções bem estabelecidas. Não adianta pensar que a segurança pública vai resolver o problema da criminalidade no Brasil. É necessário um trabalho conjunto do poder público oferecendo educação, saúde e oportunidade de trabalho.

Douglas Cordeiro - A polícia Federal é uma referência para outros países?

José Antônio Simões de Oliveira Franco - A Polícia Federal tornou-se uma referência nacional e internacional. A nossa academia de polícia é referência em toda a América do Sul. Policiais de vários países são capacitados na nossa academia em Brasília. Tem uma estrutura fantástica inclusive com cidade cenográfica para simulação de situações reais. A capacitação dos nossos servidores é sempre um dos pilares principais da instituição. Nenhum país do mundo consegue realizar uma operação em diversos estados ao mesmo tempo. Quando nós mostramos esta logística, em um evento internacional, polícia de outros países ficam surpresos. Esta é uma prática quase exclusiva do Brasil. Poucos países conseguem desenvolver uma ação simultânea como fazemos aqui.

Douglas Cordeiro - Superintendente, como a Força-Tarefa conseguiu identificar o autor do disparo no rosto do advogado André de Almeida Sousa?

José Antônio Simões de Oliveira Franco - Este foi um caso que gerou uma comoção social muito grande e revela, infelizmente, o momento que o Piauí vem enfrentando em relação as facções criminosas. Por isso, eu reforço a importância da Força-Tarefa de Segurança Pública, idealizada pelo Ministério da Justiça, composta por instituições federais e estaduais, que proporciona uma rapidez nas investigações e resultados mais efetivos. Neste caso, foi possível através de imagens de câmeras de vigilância, identificar uma tatuagem da esposa do Francisco Jefferson (autor do disparo). No ano passado, na Operação Desmonte III, da Força-Tarefa, os policiais encontraram documentos dele. Com base nisso e em outros elementos produzidos durante a investigação, ficou claro que ele é membro de uma facção criminosa.

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