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Firmino fala de mobilidade e drenagem; última entrevista de 2019

Sem entrar na sua sucessão, focou em dois pontos cruciais para a cidade: mobilidade urbana e obras de drenagem

Em sua última entrevista antes de embarcar para a Cidade do México, o Prefeito de Teresina, Firmino Filho, falou em tom de despedida do seu quarto mandato. 

Agradeceu aos teresinenses e, sem entrar na sua sucessão, focou em dois pontos cruciais para a cidade: mobilidade urbana e obras de drenagem.

Em relação ao passado, aos problemas já existentes, a cada ano estamos construindo galerias estruturais e, embora não na velocidade desejada, vamos enfrentando este desafio. .

PORTA DOUGLAS CORDEIRO - Qual expectativa do senhor para resolver problemas de drenagem da capital?

FIRMINO FILHO - Nós temos um problema de drenagem. O que acontece: A construção de uma cidade desenvolvida tem várias etapas e uma das últimas é o sistema de drenagem. Porque são obras úteis apenas nesses períodos mais chuvosos e extremamente caras. Galerias custam milhões e milhões de reais e levam bastante tempo para serem construídas. Por isso, fizemos uma mudança na legislação e criamos uma Lei de Drenagem para que ao longo do tempo possamos adotar várias medidas com objetivo de diminuir essa necessidade de construção de grandes galerias. Então, esta Lei já está em vigor a quatro anos. Em relação ao passado, aos problemas já existentes, a cada ano estamos construindo galerias estruturais e, embora não na velocidade desejada, vamos enfrentando este desafio. Exemplo disso é a região norte. A 15 anos era essa a região mais sujeita a enchentes. Na década de 90, como prefeito, visitei a Nova Brasília com água no meu cinturão. Depois dos investimentos que fizemos no Lagoas do Norte a questão de drenagem foi bastante minimizada e agora as outras regiões é que aparecem com problemas estruturais.

PORTA DOUGLAS CORDEIRO - Mas, na região do Bairro São Cristóvão, na Zona Leste, parece que toda água do inverno passa por ali. O que se pode esperar para os próximos anos?

FIRMINO FILHO - No passado foram construídas casas no caminho das águas. Quando houve a impermeabilização com a urbanização da cidade na região o caminho das águas se tornou o que ele sempre foi, um rio caudaloso, tinha casas no meio do caminho. Então, hoje o que estamos fazendo é uma galeia que sai do Rio Poti, com 1.2 quilômetros. Já passou da João XXIII e está na Eustáquio Portela, a um quarteirão da Homero Castelo Branco. É uma galeria gigantesca com 4 metros de largura por 2 metros de altura, cabe um carro dentro. É uma galeria extremamente cara, vai custar mais de R$ 50 milhões. Além disso é uma obra difícil de ser feita porque tem várias interferências. Para se ter uma ideia estamos na terceira construtora a fazer esta galeria. A atual empreiteira está prestes a desistir da obra pelo tamanho. Tem muitos percalços, pode ter desabamento de algum muro ou casa. É uma obra de risco, onde muitas empreiteiras começam e não terminam a empreitada. Estamos preparados para fazer outra licitação. Fizemos agora licitação para a galeia do Torquato Neto, orçamento de R$ 73 milhões. Depois disso fica só dependendo da autorização do Ministério para que a gente possa dar continuidade. Temos dois projetos já feitos, o da galeria do São Pedro, que começa depois da Avenida Gil Martins e vai até o Rio Parnaíba, onde estamos com todo processo burocrático bastante avançado. Mas, é fundamental que tenhamos a postura de prevenir o aparecimento do desafio dessas galerias, temos que ter uma postura de preservar o caminho das águas para não colocar em risco a população.

Seria muito cômodo deixar o problema da integração como está, mas estamos enfrentando e trabalhando para resolver tudo. .

PORTA DOUGLAS CORDEIRO - Quanto ao sistema de integração. É certo que a mobilidade urbana avançou, mas ainda falta muito?

FIRMINO FILHO - Se olharmos 15, 20 anos para trás, o problema no transporte urbano em Teresina era gravíssimo. A cidade cresceu muito e em 2002 tínhamos cerca de 120 mil veículos circulando pelas ruas e avenidas. Agora, início de 2020 temos 500 mil veículos. A frota de veículos mais que quadruplicou e isso exigiu um planejamento para melhorar nossas vias não só para melhorar a situação para viagens individuais, como as coletivas. Em 2009 o então prefeito Sílvio Mendes fez um planejamento. Tivemos consultoria de padrão internacional que mostrou um modelo BRT e a ideia é fazer com que o ônibus possa ser utilizado de forma utilizado de forma mais rápida e eficiente. Então, esta concepção que temos aqui é o que há de mais contemporâneo. Mais de 160 cidades médias ou grandes do mundo adotam esta concepção e é o que estamos implementando. Fizemos os terminais, os corredores e obras complementares, como a ponte da Água Mineral que vai unir a UFPI até o Balão da Coca Cola. O aprendizado tem sido na operação. Tem tido problemas, principalmente por ser um novo modelo, exige um comportamento de todos, tanto da comunidade, como dos consórcios, da Strans. Ao longo do tempo problemas tem aparecido. Os principais são na linha alimentadora, saindo dos bairros para os terminais pela manhã e à noite voltando dos terminais para os bairros.

PORTA DOUGLAS CORDEIRO - Quais soluções podem ser apontadas de imediato?

FIRMINO FILHO - Trouxemos uma outra consultoria especificamente para analisar as linhas alimentadoras e várias mudanças já estão sendo colocados, como por exemplo, na zona sul vamos estar colocando em torno de 17 ônibus a mais para melhorar. É preciso ainda melhorar os investimentos no sistema viário porque em um segundo momento precisaremos colocar mais asfalto, melhorar as vias. Um segundo problema são os terminais. O terminal de integração funciona como se fosse um pulmão, ou seja, a linha alimentadora tem que estar sincronizada com a saída da linha troncal. Então, esta gestão do terminal tem que melhor gerenciada. Estamos trabalhando para melhorar os problemas operacionais, até porque a população quer que este sistema funcione. Não tenho dúvida que esses problemas operacionais vão ser minimizados ao longo do tempo. Tínhamos uma desaprovação bastante alta no início do ano e hoje já decresceu muito. Seria muito cômodo deixar o problema como está, mas estamos enfrentando e trabalhando para resolver tudo.

Fotos cedidas pelo Portal GP1.

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