PORTAL DOUGLAS CORDEIRO - Qual balanço do sistema carcerário piauiense neste início de ano?
CARLOS EDILSON - O sistema penitenciário no Piauí se mantém em ordem. Vivemos um momento de tranquilidade graças a uma política que adotamos de vigilância aproximada. É o Estado efetivamente dentro da unidade fazendo constantes e repentinas vistorias. Acreditamos que quanto maior a presença do Estado, menos tensão na unidade. O Piauí tem 17 unidades prisionais, destas, quatro são de procedimento. A de São Raimundo Nonato foi inaugurada em 2011 e lá nunca ocorreu um motim, uma morte ou nenhuma situação de tensão.
De 2015 para cá inauguramos mais de mil vagas no sistema. Neste processo de modernização, todas foram inauguradas com esse padrão de São Raimundo Nonato. São essas unidades que fazem com que o Piauí se mantenha em uma linha de tranquilidade.
PORTAL DOUGLAS CORDEIRO - Porque diferente de outros Estados o Piauí não envia presos perigosos para o sistema federal? Não temos presos perigosos a este ponto?
CARLOS EDILSON - Estive semana passada em uma reunião, em Brasília, do Conselho que reúne os Secretários de Justiça de todo o país. O Piauí é o único da Federação que nunca enviou um preso para o sistema penitenciário federal. Claro que temos presos de alta periculosidade, mas não há necessidade de enviar porque nós mesmos buscamos resolver os problemas que temos. Enviar o preso para sistema federal só beneficia o próprio preso, porque ele volta depois para o Estado ainda mais fortalecido. Por isso nossas unidades de procedimento estão dando resultado.
PORTAL DOUGLAS CORDEIRO - Hoje é clamor da sociedade, até porque já coloca em outros países o detento para trabalhar. Isso já é uma realidade aqui?
CARLOS EDILSON - Ao assumirmos a Secretaria de Justiça já vinha uma política de gestão de capacitar. Foram diversos cursos de capacitação dentro do sistema penitenciário. Mas, não conseguia fazer com que essa ponta do trabalho efetivamente acontecesse. Reunimos a equipe e colocamos uma diretriz. Toda unidade prisional necessita de reformas e resolvemos não contratar empresas para isso. Conseguimos reformar quatro alas da Penitenciária Mista de Parnaíba com trabalho exclusivo do preso.
O trabalho não pode ser obrigatório, mas ele ganha a cada três dias trabalhados uma remissão. Isso foi pactuado com o poder judiciário. Nós estamos reformando agora três unidades. Na Casa de Custódia faz um tempo que não se ouve falar de problemas e lá dentro tem presos trabalhando. Em setembro, com inauguração da Cadeia Pública de Altos, fomos até criticados por deixarmos dois pavilhões vazios, mas porque essa decisão? Porque vou colocar o preso para trabalhar. Hoje tenho dois pavilhões da Casa de Custódia reformados. A estrutura que temos nas unidades de procedimento estamos levando também para a Casa de Custódia.