PORTAL DOUGLAS CORDEIRO - Houve uma coletiva de imprensa, na coletiva de imprensa o Senhor nos enviou aqui uma espécie de planejamento para 2020. Aí têm todos os dados aqui. Por exemplo, evolução da frota vs condutores habilitados, esforços de fiscalização, tem vários dados aqui que o senhor levantou juntamente com toda a equipe da Polícia Rodoviária Federal. Queria saber do senhor exatamente o seguinte, além desses números apresentados, o que é que o piauiense pode esperar da polícia rodoviária para 2020?
STÊNIO PIRES - A Polícia Rodoviária Federal tem adotado uma política de análise de dados e de preparar as ações, todas com base em cima de informações para que nós possamos ser mais assertivos, e alcançarmos resultados melhores, mesmo com todas as dificuldades de pessoal que a gente tem. Então esses dados foram importantes, são dados referentes ao ano de 2019, do alcance dos dados que nós tivemos, dos resultados alcançados pela Polícia Rodoviária Federal no ano 2019 comparado aí com o ano 2018, e que tenha inclusive alguns números que chamam bastante nossa atenção da Polícia Rodoviária Federal, e que vão servir de embasamento e de estudos para podermos planejar, que já foi planejado, analisar os dados e planejar as ações de 2020.
PORTAL DOUGLAS CORDEIRO - Quais são as conclusões que o senhor pode antecipar, baseado nos dados coletados, nesse planejamento que foi feito, o que é que pode nos trazer de conclusões de 2019?
STÊNIO PIRES - Primeiro alguns dados que nos preocupam muito, como por exemplo, só nesse ano o total de pessoas autuadas pela PRF por estarem conduzindo veículos não habilitados foi de quase 6.800 pessoas, isso significa que, por dia, a Polícia Rodoviária Federal pega, aproximadamente, 19 condutores inabilitados por dia no trânsito nas rodovias federais, ou seja, pessoas inabilitadas que não tem condições, ou não fizeram testes e isso trás um risco muito grande para os demais usuários. No caso também de alcoolemia é um outro dado que nos preocupa bastante, nós pegamos em média, por dia, quase três usuários, quase três condutores que ou estão alcoolizados, ou eles se recusaram a fazer o teste de alcoolemia, ou seja, com medo de fazer o teste e dá positivo, aí existe a atuação específica por recusa, nesse caso são quase três por dia que nós pegamos, então também é um número muito alarmante que nos preocupa muito aqui nos dados que foram apresentados, que nós alcançamos no ano passado.
Ano passado, foram quase 500 quilos de cocaína apreendidos no nosso estado, se nós compararmos com o ano de 2018 foi um aumento de quase 1000% na quantidade a mais apreendida no ano de 2019, dessa situação nós identificamos que as rodovias federais do estado do Piauí estão sendo utilizadas como rota, boa parte, grande parte dessa droga, não tem como destino o estado do Piauí. Os principais locais em que fizemos as apreensões foram no sul do estado, na região de Floriano e Picos, e muitos desses veículos e pessoas que foram detidas com essa drogas estavam com destino outros estados, principalmente o estado do Ceará.
PORTAL DOUGLAS CORDEIRO - O que nós podemos concluir a partir disso? O trânsito está extremamente perigoso? pode ser considerado um trânsito perigoso? E aí nós não estamos nos referindo nem a questão das estradas assim, mas de quem trafega nela, ou seja, dos motoristas. É um trânsito delicado, trânsito do Piauí, que a polícia rodoviária, baseado nisso, tem que fazer um determinado tipo de planejamento específico para 2020?
STÊNIO PIRES - Isso, proporcionalmente o trânsito do Piauí é um dos que mais matam no Brasil, com base nas mortes que tivemos nas rodovias federais. Ano passado nós registramos 149 mortes ao longo das rodovias federais, 10 a menos do que no ano anterior que foram 159 mortes, resultando em uma redução de 6%. Mas o que nos preocupa, chama muita atenção, das mortes que ocorreram no ano passado, é que dá 149 mortes, 73, quase a metade, foi de ocupantes de motocicletas, infelizmente uma situação muito recorrente no nosso Estado. Por exemplo, foi o que aconteceu naquela tragédia que tivemos essa semana, o número de pessoas sendo transportadas na moto, muito maior do que a sua capacidade, já pegamos 4, 5 pessoas. No caso da última tragédia, eram quatro. Tem casos em flagramos até 6 pessoas em uma motocicleta. Então é uma situação absurda, a maioria das pessoas que conduz moto no Piauí é inabilitada, ou seja, não tem condições.