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Psicólogo piauiense explica quais os motivos que geram violência nas escolas

Ele alerta para a necessidade dos jovens serem obeservados em casa, na escola e a integração entre pais e alunos

Reportagem de Douglas Cordeiro

O psicólogo Eduardo Moita analisou a onda de ataques e ameaças as escolas que tem causado pânico em pais e alunos.

Ele alerta para a necessidade dos jovens serem obeservados em casa e na escola.

Outro ponto abordado na entrevista, é sobre a integração entre pais e professores, na identificação dos casos de bullying.

Quando uma ação de bullying é detectada, o colégio precisa acionar as famílias da vítima e também dos autores .

DOUGLAS CORDEIRO - A violência nas escolas é um fenômeno isolado?

DR. EDUARDO MOITA - As autoridades precisam entender que a base do fenômeno violência é a educação. O processo educacional é fundamental para a diminuição da violência. Nós temos violência nas ruas, bares e restaurantes, supermercados, velórios, templo religiosos e no trânsito. O que acontece nas escolas não é diferente, é um reflexo do que ocorre na nossa sociedade. Será que nós conseguimos fiscalizar todas as mochilas em um colégio com 2.000 crianças? Nós vamos conseguir colocar detector de metal em todas as escolas? Vai dá certo? O fenômeno é muito mais complexo.

DOUGLAS CORDEIRO - Muitos autores de ataques a as escolas alegam que sofreram bullying. Como evitar que este problema contribua para a formação de uma pessoa violenta?

DR. EDUARDO MOITA - É muito importante a relação permanente entre escola e família. Várias instituições de ensino realizaram ações falando sobre a importância da vida. Estão ações são importantes, mas não resolvem o problema. Os pais precisam frequentar a escola e a escola precisa comunicar os pais determinados acontecimentos. Esta integração é necessária, a decisão tem que ser conjunta. Quando uma ação de bullying é detectada, o colégio precisa acionar as famílias da vítima e também dos autores. Incialmente, é importante entender a dinâmica familiar dos envolvidos e definir estratégias para que o conflito não exista mais. Esta é a função do psicólogo da escola. Muitos jovens sofrem bullying e não desenvolvem atitudes violentas. A minha reação é uma e sua é outra. Não existe uma receita sobre o comportamento humano. Cada situação é única e cabe aos profissionais da área tratar estas questões específicas. Não se pode julgar, é preciso acolher e cuidar de quem sofre e de quem pratica o abuso. Por exemplo, quem tem 18 anos e pratica um ato violento em uma escola e é condena a 20 anos de prisão. Com 38 anos ele está de volta a sociedade. O que foi feito durante este período para que esta pessoa não cometa mais este delito? O distúrbio foi tratado? Houve algum acompanhamento?

Vários estudos feitos nos Estados Unidos mostram que estas pessoas são vítimas de um abandono social. Não existia uma estrutura familiar explicando o que é respeito a vida .

DOUGLAS CORDEIRO - Ainda existe uma resistência da vítima ou da família em procurar um psicólogo?

DR. EDUARDO MOITA - Existe uma barreira que precisa ser vencida. Quando nós sofremos uma lesão no pé, jogando futebol, imediatamente procuramos um ortopedista. No caso de problemas emocionais, não buscamos ajuda de um profissional por medo ou vergonha. Aos poucos estamos mudando esta realidade e entendendo que procurar a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra é tão comum quanto buscar o auxílio de um ortopedista. Vários estudos feitos nos Estados Unidos mostram que estas pessoas são vítimas de um abandono social. Não existia uma estrutura familiar explicando o que é respeito a vida. Isso ocorre também nas famílias com maior poder aquisitivo. Ter um tablet, um bom quarto, bens materiais, não vai ajudar. O que resolve é contato, conversa, presença na vida da pessoa. O filho faz o que quer, dorme a qualquer hora, não existem regras na família. Eu sempre oriento meus pacientes que acompanhem o que seus filhos estão vendo na internet. Os pais precisam ter acesso a este conteúdo e explicar o que é certo e o que é errado, o que ele pode e o que não pode fazer. Isso não é invasão, é orientação. Seu filho é menor de idade e você é responsável por ele. É importante não confundir uma boa condição financeira com equilíbrio emocional.

DOUGLAS CORDEIRO - Qual o papel da imprensa?

DR. EDUARDO MOITA - É importante que a imprensa não divulgue o nome de quem praticou estes atos de violência, a forma como a violência foi praticada, não mostrar imagens e não revelar a identidade das vítimas. Divulgar apenas a informação necessária porque quem comete estes atos quer mídia e quando o nome do autor é divulgado os veículos de comunicação ajudam a atingir o objetivo de quem praticou o ato violento. Por isso é preciso ter muito cuidado com as informações para não gerar novos atos violentos.  

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