MENU mobile

"Não vamos recuar um centímetro no combate as facções", diz coronel da PM-PI

O coordenador-geral de Operações da PM (Polícia Militar), coronel Jacks Galvão, é o responsável pelas ações da PM no Piauí

Reportagem de Douglas Cordeiro

O coordenador-geral de Operações da PM (Polícia Militar), coronel Jacks Galvão, é o responsável pelo gerenciamento das ações policiais da PM em todo o Piauí.

Sua missão é planejar e executar as operações com base nas informações fornecidas pelo serviço de inteligência.

O coronel falou sobre o resultado das blitzen realizadas em Teresina, os recentes ataques a ônibus na capital piauiense e como as forças de segurança estão enfrentando a guerra contra as facções criminosas.

FOTOS: Portais GP1 e VIAGORA

No ano passado, a Polícia Militar atendeu 107.000 ocorrências que resultaram em 5.500 prisões. Os números dos três primeiros meses deste ano apontam que deveremos superar 2022 .

DOUGLAS CORDEIRO - Coronel, quais os resultados práticos das blitzen realizadas diariamente pela Polícia Militar?

CORONEL JACKS GALVÃO - Hoje o trabalho da Polícia Militar é integralmente orientado pelo nosso serviço de inteligência. No ano passado, por exemplo, nós tivemos mais de 600 mortes no trânsito. Por isso, foram intensificadas as blitzen que geraram, logo de início, uma redução significativa nos acidentes. Nós entendemos que no começo as pessoas fiquem incomodadas, mas quando começamos a mostrar os resultados, a população passa a entender a importância da fiscalização. Em março deste ano, praticamente não foi registrado crime de trânsito que resultou em morte e os hospitais registraram uma redução de 50% no número de atendimentos a pessoas feridas em acidentes de moto e carro. No Piauí, pilotar sem capacete e a ausência da habilitação são as infrações de trânsito mais comuns que só podem ser coibidas com a realização de blitz. Nós também temos apreendido armas de fogo, drogas e flagrando pessoas com mandado de prisão em aberto. No ano passado, a Polícia Militar atendeu 107.000 ocorrências que resultaram em 5.500 prisões. Os números dos três primeiros meses deste ano apontam que deveremos superar 2022.

DOUGLAS CORDEIRO - Como está a situação do combate as facções criminosas no Piauí?

CORONEL JACKS GALVÃO - Nós não devemos jogar para debaixo do tapete um problema que é nosso. Nós temos este problema. As facções criminosas não são piauienses, mas vieram em busca de um comércio. Atualmente entre três e quatro organizações criminosas estabelecidas no Piauí que tem dado uma resposta eficiente. Em Parnaíba, a Força-Tarefa tem vencido esta batalha quando comparamos o número de homicídios deste ano com o mesmo período do ano passado. É um parâmetro importante que demostra a disputa de dois grupos por um mesmo espaço. Então, dizer que não existe é uma forma de encobrir a realidade. Nós estamos combatendo e não vamos recuar um centímetro neste trabalho. Os grupos criminosos não têm limite. Nós já apreendemos um menor de 12 anos, em Teresina, sendo utilizado pela criminalidade. Eles não têm que seguir nenhuma regra legal e nós temos que obedecer a legislação e mesmo assim estamos vencendo. 

DOUGLAS CORDEIRO - Podemos afirmar que o Piauí está vencendo a guerra contra o crime organizado?

CORONEL JACKS GALVÃO - Nossos policiais são dedicados e respondem sempre que são chamados. O nosso policiamento é conhecido. As nossas respostas são sempre imediatas. Nossos superiores estão a frente deste trabalho, nos dando suporte, sempre preocupados em oferecer a melhor estrutura de trabalho. Nós sentimos a presença do nosso comando, junto com a gente, possibilitando realizar o trabalho que tem que ser feito. Por isso o Piauí tem se destacado enquanto outros estados passam por muitas dificuldades. A Polícia Militar do Piauí é a melhor do Brasil.

DOUGLAS CORDEIRO - Os dois acusados de envolvimento na tentativa de assalto a um coronel da PM foram mortos em um confronto com policiais militares. O que ocorreu naquele episódio?

CORONEL JACKS GALVÃO - O inquérito, conduzido pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), vai mostrar a participação de cada um deles naquele evento. O objetivo da polícia não é sair para matar. Nosso trabalho é apurar, localizar, prender e entregar para o judiciário. Neste caso, nós temos provas, testemunhas e o resultado da perícia mostrando que o nosso veículo que iria fazer a abordagem foi recebido a bala, os policiais revidaram, eles foram atingidos, tentamos socorrê-los, mas não foi possível, os dois morreram. Um deles já tinha passagem pela polícia por roubo majorado e na casa do outro foram encontradas munições. Nós entendemos a posição da mãe que tem que falar pelo filho dela. Infelizmente o que nós observamos hoje é a participação de pessoas de pouca idade envolvendo-se com o crime e acabam depois sendo vítimas deste mesmo crime. Existem pessoas com 19 anos de idade, presas por homicídio, que já tem em torno de nove passagens pela polícia após a maioridade e 16 quando era menor.

Os grupos criminosos não têm limite. Nós já apreendemos um menor de 12 anos, em Teresina, sendo utilizado pela criminalidade .

DOUGLAS CORDEIRO - Os ônibus incendiados eram uma retaliação a morte dos dois homens no confronto com a polícia?

CORONEL JACKS GALVÃO - Nós podemos comprovar através das manifestações deles nas rede sociais. Os incêndios seriam uma represália ao que aconteceu com eles. Então, eles já se colocaram como integrantes de facções. A nossa resposta foi muito bem planejada, na medida correta, não houve abuso, todos os procedimentos foram feitos dentro do ordenamento jurídico, com prisões e buscas e apreensões autorizadas. Nós tivemos policiais mortos no passado e nem por isso a polícia se manifestou de forma diferente, atuamos sempre da forma legal, procurando descobrir e prendendo os autores. Infelizmente, em alguns casos, onde ocorre uma reação de forma mais agressiva e a polícia teve que reagir na mesma medida ocorreram mortes.

DOUGLAS CORDEIRO - Após os ataques aos ônibus a PM montou uma base no Bairro Mocambinho, Zona Norte de Teresina. Esta estratégia pode ser adotada em outros bairros?

CORONEL JACKS GALVÃO - A nossa intenção, seguindo as orientações dos nossos escalões superiores, é sempre colocar a polícia mais próxima do problema. Hoje, o nosso serviço de inteligência nos mostra temos que atuar e passamos a intensificar o policiamento ostensivo naquele ponto. Após as prisões, nós entendemos que havia necessidade de manter um policiamento dia e noite, fazendo rondas e fizemos isso. Se houver necessidade em outra área do mesmo trabalho nós também faremos.

DOUGLAS CORDEIRO - A maioria das vítimas de homicídios no Piauí tem algum tipo de ligação com o crime?

CORONEL JACKS GALVÃO - Em 2022, nós tivemos mais de 75% dos homicídios nas cidades de Teresina, Parnaíba, Piripiri, Floriano, Luís Correia, União e Cajueiro da Praia. Em 150 municípios não ocorreram homicídios. Com base nestes dados, nós realizamos um trabalho mais intenso nestas áreas. As nossas estatísticas mostram que no anos passado foram cerca de 800 mortes, sendo 15 vítimas sem nenhuma ligação com a criminalidade.

© 2024 . Portal Douglas Cordeiro - Jornalismo é contar histórias. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reeescrito ou redistribuido sem autorização.