Portal Douglas Cordeiro - Em relação aos repasses constitucionais, também sofreram quedas durante o ano de 2019?
Jonas Moura - Não. Se você for pegar os últimos 12 meses, não teve crescimento. Meio que estamos empatados com o ano de 2018. Um leve crescimento, entorno de 4.18. Se não me engano o número é esse. O que acontece é que as despesas dos municípios vêm aumentando. Você tem os pisos legais, agora em janeiro já temos que ter o aumento do piso do professor, dos agentes de saúde, e isso não vem sendo repassado no mesmo volume pelo Governo Federal e nem pelo Governo do estado. E para agravar, nós temos também uma dificuldade no estado, que está com grande dificuldades de cumprir com suas obrigações com os municípios, a exemplo do cofinanciamentos, o HPP... Temos um atraso considerado elevado, acima de 15 meses. E isso realmente dificulta muito nossa vida.
Portal Douglas Cordeiro - Há possibilidade de algum prefeito enfrentar algum problema junto ao Ministério Público ou à Justiça pelo não cumprimento de obrigação legal em função dessa falta de recursos?
Jonas Moura - É uma coisa legal, tem cumprir. Mas nós temos um prazo para legalizar isso. Eu acredito que nos próximos 30 dias isso vai ser solucionado, acredito que não há necessidade. O próprio Ministério Público entende disso, o Tribunal de Contas sabe das dificuldades que a gente tem falado constantemente disso. Eu acredito que não seja o ponto de ser penalizado por conta disso, nesses primeiros 30 dias. Se isso não acontecer, os órgãos vão chamar os prefeitos para regularizar isso.
Portal Douglas Cordeiro - Alguns prefeitos têm reclamado de fiscalizações de instituições e, por vezes, alegam ser alvos de perseguição. O senhor tem percebido esse tipo de problema?
Jonas Moura - Hoje, com essa rede de controle, nós temos cerca de 14 órgãos que fiscalizam os prefeitos diuturnamente. Obviamente ninguém gosta de está sendo fiscalizado toda hora, mas é uma coisa normal, os prefeitos já convivem com tranquilidade. O que a gente às vezes reclama é com algumas condições que o prefeito não tem de fazer, e aí o Ministério Público quer que seja implantado sem oferecer a fonte de recurso. Eu não posso apresentar um programa sem ter uma certeza de que a gente vai cumprir com aquilo. A própria exposição deles (prefeitos) em portais, em redes, prejudica muito. Você sabe que isso não é fácil e demora para você construir uma imagem. E para você destruir, uma fala, um detalhe prejudica toda uma história de um gestor.
Portal Douglas Cordeiro - Há expectativa de melhora no cenário econômico no próximo ano com a chegada dos recursos citados, mas caso isso não aconteça, o senhor prevê um ano de muita dificuldade financeira nos municípios?
Jonas Moura - É natural que isso aconteça e os prefeitos que vão para reeleição vão ter que ter muito cuidado para separaras coisas. Além da APPM, nós temos uma confederação que agrega todos os 5568 municípios do Brasil e a gente precisa estar atento para fazer uma cobrança muito mais enfática. Nesse primeiro ano nós recebemos o presidente da República, criou-se toda uma expectativa, foi dado o tempo que ele pediu, e eu acredito que esse ano que vem já é um ano mais de cobrança por parte da confederação dos prefeitos. E por ser ano eleitoral as coisas possam fluir com mais tranquilidade.
Portal Douglas Cordeiro - O senhor faz parte dessa confederação, representando o Piauí. A CNM será mais atuante no próximo ano?
Jonas Moura - Nós teremos que cobrar nossa cota de sacrifício, tudo que nós fizemos. Agora nós precisamos que o governo olhe os municípios, onde tá o povo. Eu acredito que o governo vai entender isso e teremos dias melhores.