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Em Minas, Aécio teria admitido afastar-se da política

Aécio perdeu espaço dentro de sua própria casa e ensaia um afastamento por tempo indeterminado dos cargos eletivos

23 de junho de 2017, às 21:18 | Tarcio Cruz

Dia 26 de outubro de 2014. Após um disputado segundo turno da eleição para presidente, 51 milhões de brasileiros votam em Aécio Neves para presidente da República. Mesmo perdendo a eleição, Aécio termina o pleito fortalecido e praticamente favorito para a eleição seguinte. Só que o segundo turno das eleições presidenciais de 2014 seria o último momento de protagonismo na política nacional do mineiro de de 57 anos que hoje, afastado do cargo de senador, luta contra sua prisão e tem pela frente um futuro obscuro. 

Na última semana o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, adiou por período indeterminado o julgamento do pedido de prisão, feito pela Procuradoria-Geral da República. O Blog do Douglas Cordeiro foi saber, em Minas Gerais, qual o impacto das denúncias contra Aécio e o que a população acha sobre o seu futuro.

Impedido de exercer suas funções parlamentares desde o dia 18 de maio após delação do empresário Joesley Batista, dono da JBS, que revelou o pagamento de R$ 2 milhões de propina ao senador, Aécio testemunhou a prisão de Andrea Neves, irmã e principal articulista política na carreira do político mineiro. Peça chave na longa trajetória de vida pública do neto do ex-presidente Tancredo Neves, Andrea era mais que uma irmã, como revela o jornalista mineiro Bruno Menezes. 

Em Minas Gerais, Aécio Neves teve sua imagem pública completamente comprometida

“O Aécio Neves nunca foi a cabeça de nada. Sempre teve a irmã como principal articuladora política e eu diria até social. Tenho a impressão - ressalto ser uma impressão - que a Andrea escolhe até mesmo a gravata que o senador deve usar” declara. 

Hoje, Andrea Neves cumpre prisão domiciliar após mais de um mês de custódia. Ela, Frederico Pacheco (Primo de Aécio) e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) são investigados por suposta prática de corrupção, organização criminosa e obstrução às investigações na operação Patmos.

Visto como um dos principais expoentes da política mineira, Aécio perdeu espaço dentro de sua própria casa. Após governar Minas por dois mandatos (2003 a 2010) e ter um índice de aprovação alto, Aécio conseguiu trabalhar em seu grupo político a eleição de governador (Antônio Anastásia), senadores e prefeitos de importantes cidades mineiras, até mesmo a capital, Belo Horizonte. Porém o cenário de ascensão foi interrompido. 

“Aécio apesar de tudo, fez bons governos no Estado - logicamente com grandes falhas. Ele perdeu em Minas na eleição de 2014, mas cresceu absurdamente após os escândalos envolvendo o governo Dilma. O apoio ao Aécio começou a crescer em Minas. Vi pessoas que não votaram nem em Dilma e nem em Aécio falarem que era o momento de o Tucano chegar à presidência. Após todos os escândalos virem à tona, alguns ficaram atônitos. Hoje o senador virou uma espécie de zero à esquerda, insignificante”, afirma o jornalista Bruno Meneses. 

O Tucano tem mandato de Senador até o fim de 2018 e ensaia um afastamento dos cargos eletivos.

FUTURO

Com Aécio Neves enfraquecido politicamente após inúmeros indícios de corrupção envolvendo seu nome, o futuro da política nacional para o PSDB não passa por Belo Horizonte. O Editor de Política do jornal O Tempo, Ricardo Corrêa, sugere em sua coluna que o caminho para os tucanos talvez esteja em São Paulo. 

Para os jornalistas mineiros , Aécio ensaia um afastamento da vida pública

“Com o senador Aécio Neves absolutamente fragilizado pelas sucessivas citações em acordos de delação premiada da Lava Jato, Alckmin que até agora foi pouco atingido, deveria ser um candidato natural. Só não o é justamente por causa de Dória” publicou o jornalista.

Na esfera estadual o quadro não é muito diferente. Com um cenário de deterioração da imagem pública de grandes políticos, velhos nomes voltam a ganhar espaço e candidatos “outsiders” sem envolvimento profundo com a política surgem como alternativas. 

“Minas hoje está acompanhando a corrente política nacional. O ‘não político’ ganhou espaço. É um Estado que sempre figurou no cenário político nacional, mas que está 'órfão' neste momento, cenário que pode trazer de volta um grande nome do PT Mineiro, Patrus Ananias. Os não-políticos, de partidos como PSDB, PT e PMDB viram alternativa” analisa Bruno Meneses que define o período como assustador por causa da grande incerteza.


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