Michel Temer: um presidente cercado por fantasmas

Desde a colaboração premiada de Joesley Batista, dono da JBS, onde a gravação feita com o Presidente da República foi revelada que o governo de Michel Temer entrou em uma crise da qual não conseguiu sair mais.

Depois do esforço descomunal para vencer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Michel Temer também deve conseguir enterrar o processo na votação do plenário. Mas esse é o menor dos problemas. A Procuradoria-Geral da República ainda pode apresentar mais duas denúncias cujos resultados seriam imprevisíveis. Rodrigo Janot aguarda as delações do doleiro Lúcio Funaro e do ex-deputado Eduardo Cunha. O chefe do Ministério Público acredita que Temer será fatalmente atingido e denunciar o Presidente nessas condições a chance de êxito seria quase certa.

De aliado o Presidente da Câmara, tornou-se uma preocupação para Michel Temer. Embora negue, Rodrigo Maia tem expectativa de assumir o comando do País e Temer está provando agora do seu próprio veneno. O clima ficou ainda mais tenso quando Maia soube que Temer estava assediando os parlamentares dissidentes do PSB que já estavam negociando com o DEM.

Os tucanos também têm causado dor de cabeça em Temer. O partido está divido e a tendência é que mais cedo ou mais tarde desembarque da base de apoio. Aliás, a pressão é grande para os espaços ocupados pelo PSDB sejam retirados e distribuídos com os partidos que se mantém fiéis ao Presidente. Outra crise para administrar.

Há muito tempo Temer deixou de comandar o Brasil para gerenciar os próprios problemas e concentrar todos os seus esforços para fugir das denúncias e se manter no cargo. Por mais que queira demonstrar um clima de normalidade e que as ações governamentais continuam, o que tem funcionado mesmo é a cozinha do Palácio do Jaburu com tantos almoços e jantares com Deputados e Senadores na tentativa de evitar o naufrágio do seu Governo.