O pau que deu em Dilma também dará em Temer?
Temer segue os mesmos passos de Dilma Rousseff que, para tentar escapar do impeachment liberou emendas parlamentares
A semana começa mal para o Presidente da República. Mesmo sendo do mesmo partido de Michel Temer, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), relator do processo na Comissão de Constituição e Justiça, deu parecer favorável para que a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República prossiga.
Mas, o que se pode esperar do plenário da Câmara? Para que a denúncia por corrupção chegue ao Superior Tribunal Federal será preciso que 342 deputados votem a favor. O plano A do Palácio era contar com o partidarismo do “independente” Zveiter.
Assim como no processo de impeachment o que veremos a seguir é um processo eminentemente político. Ainda em junho, quando a denúncia sequer havia chegado ao parlamento, o vice-líder da bancada do PMDB na Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS), já cantava vitória. Para ele a Casa sepultaria rapidamente a denúncia de corrupção.
Para o cidadão é difícil compreender uma “absolvição” antes do julgamento. É como se o trabalho da PGR e da Polícia Federal em robustecer o processo de provas de nada valesse frente ao desejo de 172 deputados da base do governo, votos suficientes para barrar o seguimento da denúncia para o STF. Temer agora tentará sensibilizar os parlamentares com bilhões de motivos.
Com o presidente da Câmara nos seus calcanhares de olho no cargo, Temer segue os mesmos passos de Dilma Rousseff que, para tentar escapar do impeachment liberou R$ 1.4 bilhão em emendas parlamentares. O peemedebista, mesmo com a crise no país obrigando o Governo Federal a contingenciar recursos para áreas importantes, despejou somente em junho R$ 1.8 bilhão (nos cinco primeiros meses do ano foram liberados apenas R$ 102,5 milhões). Vale lembrar que a equipe da Lava Jato foi reduzida e própria Polícia Federal teve corte de recursos.
Advogado e de uma família de juristas, Sergio Zveiter não poupou o colega de partido e foi eminentemente técnico sobre as provas trazidas pela PGR:
"A denúncia vem embasada em elementos que, ao menos em tese, pode ter ocorrido crime (...). É lícita a prova consistente em gravação ambiental sem o conhecimento do outro interlocutor", disse Zviter em seu relatório.
Assim, diante das provas e da pressão popular que acompanhará os parlamentares em plenário, com o PMDB dividido e um PSDB prestes a desembarcar do Governo, Temer usará todas as cartas para que o pau que deu em Dilma não vá agora cair sobre sua cabeça.
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