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O pau que deu em Dilma também dará em Temer?

Temer segue os mesmos passos de Dilma Rousseff que, para tentar escapar do impeachment liberou emendas parlamentares

12 de julho de 2017, às 01:14 | Wesslley Sales

A semana começa mal para o Presidente da República. Mesmo sendo do mesmo partido de Michel Temer, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), relator do processo na Comissão de Constituição e Justiça, deu parecer favorável para que a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República prossiga.

Mas, o que se pode esperar do plenário da Câmara? Para que a denúncia por corrupção chegue ao Superior Tribunal Federal será preciso que 342 deputados votem a favor. O plano A do Palácio era contar com o partidarismo do “independente” Zveiter.

Assim como no processo de impeachment o que veremos a seguir é um processo eminentemente político. Ainda em junho, quando a denúncia sequer havia chegado ao parlamento, o vice-líder da bancada do PMDB na Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS), já cantava vitória. Para ele a Casa sepultaria rapidamente a denúncia de corrupção.

Para o cidadão é difícil compreender uma “absolvição” antes do julgamento. É como se o trabalho da PGR e da Polícia Federal em robustecer o processo de provas de nada valesse frente ao desejo de 172 deputados da base do governo, votos suficientes para barrar o seguimento da denúncia para o STF. Temer agora tentará sensibilizar os parlamentares com bilhões de motivos.

Deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ)

Com o presidente da Câmara nos seus calcanhares de olho no cargo, Temer segue os mesmos passos de Dilma Rousseff que, para tentar escapar do impeachment liberou R$ 1.4 bilhão em emendas parlamentares. O peemedebista, mesmo com a crise no país obrigando o Governo Federal a contingenciar recursos para áreas importantes, despejou somente em junho R$ 1.8 bilhão (nos cinco primeiros meses do ano foram liberados apenas R$ 102,5 milhões). Vale lembrar que a equipe da Lava Jato foi reduzida e própria Polícia Federal teve corte de recursos.

Advogado e de uma família de juristas, Sergio Zveiter não poupou o colega de partido e foi eminentemente técnico sobre as provas trazidas pela PGR: 

"A denúncia vem embasada em elementos que, ao menos em tese, pode ter ocorrido crime (...). É lícita a prova consistente em gravação ambiental sem o conhecimento do outro interlocutor", disse Zviter em seu relatório.

Assim, diante das provas e da pressão popular que acompanhará os parlamentares em plenário, com o PMDB dividido e um PSDB prestes a desembarcar do Governo, Temer usará todas as cartas para que o pau que deu em Dilma não vá agora cair sobre sua cabeça.  


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