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O recado de Janot, as solturas no STF e o futuro de Temer

A expectativa é com a volta do STF após o recado da presidente Cármen Lúcia de que o “clamor por justiça” não será ignorado

02 de julho de 2017, às 01:03 | Douglas Cordeiro

O encerramento do primeiro semestre no Supremo Tribunal Federal foi marcado pelo “vento da libertação”. O ministro Marco Aurélio autorizou a volta de Aécio Neves ao Senado Federal e o ministro Luís Edson Fachin concedeu liberdade ao ex-deputado e ex-assessor de Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures. Não vou entrar no mérito das decisões porque os motivos apresentados para justificá-las são no mínimo, estranhos.

Não podemos esquecer que neste rol de solturas, o ministro Luís Roberto Barroso concedeu liberdade condicional à ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, condenada no julgamento do mensalão por lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas.Ela estava presa desde Novembro de 2013 O fato é que o STF encerra a primeira metade do ano com seus integrantes, pelo menos a maioria, concordando no atacado e discordando no varejo.

Politicamente, Temer respira aliviado e o PSDB não precisa mais ficar respondendo a perguntas constrangedoras sobre um ex-presidente acusado de corrupção e afastado do mandato por decisão da justiça. É claro que tanto Aécio quanto Loures ainda vão percorrer um longo caminho para escaparem da prisão. Mas, falaremos sobre isso depois.

Ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal

Voltando para o momento atual, comenta-se nos bastidores que é cada vez maior a pressão da família para que Rocha Loures assine um acordo de delação premiada, principalmente o pai e a mulher grávida. Fala-se até que Loures já procura um advogado especializado para negociar o acordo. Caso isso ocorra, Temer não fica mais um dia no comando do país. No caso de Aécio, assim como um time de futebol que não tema mais chance de vencer mais tem que jogar o restante do campeonato, vai apenas cumprir tabela. Não deve voltar a comandar os tucanos e as chances de reeleição estão perto de zero.

RODRIGO JANOT

“Enquanto houver bambu, lá vai flecha. Até o dia 17 de Setembro, a canete está em minha mão”. A frase foi dita pelo Procurador-Geral da República em um evento promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Trocando em miúdos, todos que estão na mira de Janot não terão um único minuto de trégua até o final do seu mandato. Quanto a escolha da segunda colocada da lista tríplice, Raquel Dodge, o Procurador não polemizou e disse que o importante foi escolher um dos três nomes apresentados pelo Ministério Público.

Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República / Foto: Marcelo Chello/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Entrar de recesso ou continuar trabalhando? Eis a questão. Michel Temer quer pressa para o sepultamento da denúncia contra ele e a oposição promete usar todas as suas forças para dificultar esse enterro. Os bastidores do Congresso Nacional estão fervendo com todas as manobras possíveis e imagináveis por parte de Temer e seus aliados para continuarem no poder. Não se sabe até quando ele vai resistir.

Presidente Michel Temer

A expectativa agora é como volta o STF após o recesso do judiciário e depois do discurso, ou melhor, do recado da presidente Carmén Lúcia de que o “clamor por justiça” não será ignorado. Enquanto isso, vamos acompanhando os métodos nada republicanos do governo na guerra contra Janot. Liberação de emendas, negociação de cargos, troca de parlamentares em comissões considerados não confiáveis e tudo que Brasília sabe fazer de melhor para atingir seus objetivos. Afinal, agora é “salve-se quem puder” já que nos bastidores os “enrolados” com a Lava Jato já disseram que estão pouco se lixando para a “opinião pública”.


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