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Propaganda do PSDB expõe crise no ninho tucano

A propaganda faz um pedido de desculpas ao eleitor sobre o posicionamento do partido em questões como troca de favores

21 de agosto de 2017, às 22:30 | Wesslley Sales

Os bastidores políticos estão em alvoroço após a exibição da propaganda partidária do PSDB em cadeia nacional de rádio e TV na última semana. A peça faz um mea-culpa tucano, um pedido de desculpas ao eleitor sobre o posicionamento do partido em questões como troca de favores e fisiologismo, além de defender o parlamentarismo.

Mas, o PSDB errou ou acertou?

Não se vê nenhuma mentira na propaganda tucana. O jogo político do toma lá dá cá é enraizado nas relações nem sempre republicanas desde as pequenas prefeituras até a Presidência da República. Isto é fato. O que para uns é governabilidade ou coalisão, para o Senador Tasso Jeireissati, presidente nacional interino do PSDB, é cooptação.

Ao institucionalmente empurrar o dedo na ferida a classe política acusou o golpe. Jereissati passou a receber críticas até mesmo no ninho tucano onde é acusado de tentar implodir o partido. Já se fala no retorno do Senador Aécio Neves, afastado da presidência após delações que o colocam no olho do furacão da Operação Lava Jato. Além disso, os pessidebistas podem rachar de vez, e não apenas na votação que livrou Michel Temer de ser investigado pelo STF.

Geraldo Alckmin e João Dória negam que propaganda do PSDB tenha sido contra Temer / FOTO: NELSON ANTOINE-ESTADÃO CONTEÚDO

Existe ainda a possiblidade de Tasso ser acionado na Justiça por “macular” a honra política, como se não houvessem 29 senadores e 42 deputados federais, incluindo os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e da Câmara, Rodrigo Maia, investigados por corrupção. Mas, para não levar todos para vala comum seria importante saber de fato quem são os cooptados.

Por outro lado, a peça partidária nos remete à própria história tucana. Foi no governo Fernando Henrique Cardoso que tivemos rumorosas denúncias de compra de votos no parlamento. O deputado Ronivon Santiago (PFL-AC), por exemplo, chegou a admitir ter recebido R$ 200 mil para apoiar a reeleição de FHC em 1998 através de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição).

Enquanto se espera uma retratação, o cearense Tasso Jereissati segue firme e não mostrar arrependimento com a propaganda tucana. Se o PSDB errou no tom, acertou ao deixar de lado o corporativismo político, uma das práticas mais nefastas da política nacional.


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