Temer declara guerra a Janot. A melhor defesa é o ataque?
O comportamento de Temer foi estranho para quem avalia cuidadosamente cada palavra que pronuncia
“Quem tem prazo não tem pressa”. Essa frase usada frequentemente pelos políticos, pelo menos dessa vez, pode ser atribuída a Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República. Após apresentar denúncia por corrupção passiva contra o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e o presidente Michel Temer, Janot mostra que é um exímio jogador.
Temer quer que a denúncia chegue o mais rápido possível na Câmara dos Deputados para tentar arquivá-la e Rodrigo Janot usa todos os prazos disponíveis para retardar a chegada. Prova disso é que ele pede ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, que o caso seja enviado à Câmara só depois que Temer eRodrigo Rocha Loures apresentarem defesa prévia ao STF, em um prazo de até 15 dias após a notificação.
No conteúdo da denúncia, Michel Temer é apontado como o destinatário dos 500 mil reais que Rocha Loures foi flagrado, pela polícia federal, carregando em uma mala pelas ruas de São Paulo. O texto diz ainda que,“com vontade livre e consciente”, Temer “recebeu para si, em razão de sua função”, o dinheiro da propina e que as provas são “abundantes”. Rodrigo Janot pede a perda do mandato de Temer e que ele pague uma multa de 10 milhões de reais e o ex-deputado Rocha Loures de 2 milhões.
Em seu pronunciamento, Temer partiu para o ataque e chamou de “obra de ficção” e “infâmia” a denúncia de corrupção passiva. Ele citou ainda o caso de um procurador que trabalhava com Janot e deixou o cargo para integrar um escritório que negocia delações. Com isso, o ex-procurador teria recebido milhões e divido o dinheiro com Rodrigo Janot. O comportamento de Temer foi considerado estranho para alguém que avalia cuidadosamente cada palavra que pronuncia e mostra um certo desequilíbrio.
O fato é que esta “guerra” está só começando e ainda vai produzir muitas trocas de farpas de ambos lados.O primeiro capítulo foi a escolha do novo Procurador-Geral da República. Temer quebrou uma tradição que durava quatorze anos, onde o primeiro nome da lista tríplice assume o cargo. O subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, foi o mais votado pelos membros do Ministério Público para substituir Janot mas foi Raquel Dodge, segunda colocada, a escolhida por Temer. Façam suas apostas.
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