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Temer declara guerra a Janot. A melhor defesa é o ataque?

O comportamento de Temer foi estranho para quem avalia cuidadosamente cada palavra que pronuncia

28 de junho de 2017, às 00:32 | Douglas Cordeiro

“Quem tem prazo não tem pressa”. Essa frase usada frequentemente pelos políticos, pelo menos dessa vez, pode ser atribuída a Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República. Após apresentar denúncia por corrupção passiva contra o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e o presidente Michel Temer, Janot mostra que é um exímio jogador.

Temer quer que a denúncia chegue o mais rápido possível na Câmara dos Deputados para tentar arquivá-la e Rodrigo Janot usa todos os prazos disponíveis para retardar a chegada. Prova disso é que ele pede ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, que o caso seja enviado à Câmara só depois que Temer eRodrigo Rocha Loures apresentarem defesa prévia ao STF, em um prazo de até 15 dias após a notificação.

No conteúdo da denúncia, Michel Temer é apontado como o destinatário dos 500 mil reais que Rocha Loures foi flagrado, pela polícia federal, carregando em uma mala pelas ruas de São Paulo. O texto diz ainda que,“com vontade livre e consciente”, Temer “recebeu para si, em razão de sua função”, o dinheiro da propina e que as provas são “abundantes”. Rodrigo Janot pede a perda do mandato de Temer e que ele pague uma multa de 10 milhões de reais e o ex-deputado Rocha Loures de 2 milhões.

Rodrigo Janot e Michel Temer

Em seu pronunciamento, Temer partiu para o ataque e chamou de “obra de ficção” e “infâmia” a denúncia de corrupção passiva. Ele citou ainda o caso de um procurador que trabalhava com Janot e deixou o cargo para integrar um escritório que negocia delações. Com isso, o ex-procurador teria recebido milhões e divido o dinheiro com Rodrigo Janot. O comportamento de Temer foi considerado estranho para alguém que avalia cuidadosamente cada palavra que pronuncia e mostra um certo desequilíbrio.

O fato é que esta “guerra” está só começando e ainda vai produzir muitas trocas de farpas de ambos lados.O primeiro capítulo foi a escolha do novo Procurador-Geral da República. Temer quebrou uma tradição que durava quatorze anos, onde o primeiro nome da lista tríplice assume o cargo. O subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, foi o mais votado pelos membros do Ministério Público para substituir Janot mas foi Raquel Dodge, segunda colocada, a escolhida por Temer. Façam suas apostas.


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