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Polícia realiza prisão de mulheres acusadas de ligação com facção criminosa no Piauí

Rede feminina do crime é desmantelada pela polícia em ação que revelou estrutura hierárquica e comunicação codificada


A influencer Ana Azevedo foi capturada junto com outras mulheres durante uma operação policial de grande porte que expôs uma sofisticada rede criminosa feminina operando na região metropolitana de Teresina. A ação, batizada como "DRACO 210: Faixa Rosa", desvendou um esquema onde mulheres assumiam papéis estratégicos dentro da organização criminosa, revelando uma nova e preocupante tendência no crime organizado piauiense.

As autoridades cumpriram 34 mandados judiciais em uma operação que se espalhou por diversos bairros de Teresina e cidades vizinhas. O grupo de WhatsApp denominado "A LUTA NÃO PARA" foi crucial para as investigações, expondo a estrutura interna da facção e o papel central das mulheres na organização.

"Identificamos uma estrutura hierarquizada com funções bem definidas. Estas mulheres não eram meras coadjuvantes, mas sim peças-chave na engrenagem criminosa, atuando desde o recrutamento até a coordenação logística de atividades ilícitas", revelou o delegado Charles Pessoa, responsável pela operação.

A investigação teve início após a apreensão do celular de A. da S. M., tia de um dos líderes da organização, durante operação anterior em março deste ano. A análise forense do dispositivo revelou um universo de comunicações codificadas, estatutos internos e ordens hierárquicas que comprovaram a sofisticação da rede criminosa.

As prisões ocorreram simultaneamente em locais como Todos os Santos, Santo Antônio, Monte Castelo, Dirceu II, além das cidades de Timon (MA), Demerval Lobão e Nazária. A Central de Inquéritos de Teresina expediu todos os mandados após análise das provas coletadas.

Entre as funções desempenhadas pelas detidas estavam a disseminação de ordens, aplicação de disciplina interna, arrecadação de valores ilícitos e suporte logístico para ações violentas e tráfico de entorpecentes. O material apreendido evidenciou o uso de linguagem própria, símbolos específicos e um rigoroso estatuto interno com normas e punições, características típicas de organizações criminosas estruturadas conforme a Lei 12.850/2013.

A operação mobilizou um impressionante aparato de segurança, incluindo a Força Estadual Integrada de Segurança Pública, setores de inteligência da Polícia Civil e da SSP, além de unidades especializadas da Polícia Militar como BOPE, BEPI e BOPAER. A Guarda Civil Municipal de Teresina também participou com equipes da ROMU e GOC.

O caso expõe uma tendência crescente no crime organizado: a participação cada vez mais ativa e estratégica de mulheres em posições de comando nas facções criminosas. Esta operação, focada exclusivamente em investigadas do sexo feminino, demonstra a evolução das organizações criminosas e a necessidade de abordagens investigativas mais sofisticadas por parte das autoridades.

A operação "Faixa Rosa" revelou que as mulheres presas não ocupavam posições periféricas, mas sim funções estratégicas dentro da hierarquia criminosa. Elas eram responsáveis por tarefas cruciais como:

- Disseminação de ordens vindas do alto escalão da facção

- Aplicação de punições disciplinares a membros que desrespeitassem as regras

- Recrutamento de novos integrantes, especialmente outras mulheres

- Arrecadação e gestão de valores provenientes de atividades ilícitas

- Organização logística para operações de tráfico e ações violentas

O grupo utilizava comunicação codificada e seguia um rigoroso estatuto interno, demonstrando alto nível de organização. A descoberta do grupo de WhatsApp "A LUTA NÃO PARA" foi determinante para mapear a estrutura e funcionamento da rede criminosa feminina.

As investigações continuam para identificar possíveis conexões com outras facções e desvendar a extensão completa das atividades criminosas coordenadas por este núcleo feminino que desafiou as autoridades piauienses.

Prisões realizadas / FOTO: SSP-PI

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