O que eu acho do Linha Direta, da Rede Globo? Convido você para analisar comigo

O programa Linha Direta surgiu na década de 90 com a proposta realizar a reconstituição dos crimes de maior repercussão no Brasil. A produção utiliza cenários reais para reconstituir a cronologia dos fatos, com depoimentos de promotores, peritos, advogados e especialistas que exploram detalhes da ação policial, mostrando como foi realizada a investigação, apontando falhas, destacando alternativas que poderiam ter sido exploradas, os autores, as vítimas e ajudam a prender criminosos com exposição de fotos indicando como o telespectador ou internauta deve realizar a denúncia.

O programa trouxe um novo formato, mais jornalístico, usando material de arquivo da emissora, diminuindo a dramatização e com Pedro Bial imprimindo mais leveza na apresentação com seus textos sempre impactantes sem perder a elegância de uma escrita refinada. As entrevistas, realizadas no cenário, são mais intimistas eliminando a tensão, deixando os convidados mais à vontade permitindo resgatar detalhes importantes para compreender a história.

Por que a volta do Linha Direta? Perguntaram muitos críticos da emissora carioca. Havia necessidade de explorar o caso novamente? Foi outro questionamento bastante comum. Não respeitam a dor da família? Uma pergunta bastante comum após o programa. Líder de audiência por décadas, hoje com números muito menores, a Globo é e sempre vai ser motivo de críticas até quando exibe o Criança Esperança ou a tradicional Missa do Galo celebrada pelo Papa.

Todas as emissoras do Brasil exibem diariamente programas policiais com matérias mostrando corpos, sangue e o desespero das famílias. Não se pode exigir de um programa policial diário o refino jornalístico do Linha Direta, os casos são mostrados em tempo real, impossibilitando qualquer tipo de preparação mais elaborada. A imprensa exagera em alguns casos, comete erros em outros, exigindo que correções sejam feitas no mesmo programa ou na edição seguinte, mas colabora muito com o trabalho da polícia e cumpre sua missão, que pode e deve ser questionada quando necessário, de informar a sociedade. A crítica é sempre necessária, desde que seja feita com honestidade, apresentando sugestões para melhorar o conteúdo que é bem diferente de classificar e criticar simplesmente porque não gosta da emissora e conseguir a atenção daqueles que compartilham da sua opinião.

Assisti, li e ouvi vários ataques ao programa e em raríssimos casos as opiniões foram técnicas e apresentaram um contraponto realista do que foi exibido. A grande maioria, não passa de manifestações raivosas e ataques grosseiros de quem quer aproveitar a oportunidade para aparecer, mesmo falando mal, da reestreia do programa. Muitos “críticos” só sabem ligar e usar o controle remoto de um aparelho de TV, não conhecem nada de programação, criação de conteúdo, formatação de programas, elaboração de cenários ou definição de linguagem visual.

A nova temporada do Linha Direta aumentou os índices da Rede Globo e estreou com média de 11,9 pontos. Os dados consolidados de audiência da Grande São Paulo, mostram que o primeiro episódio resultou em um incremento de 18% nos índices de audiência na comparação com os números obtidos nas últimas quatro quintas. A atração, que abordou o sequestro e morte de Eloá Pimentel, marcou média de 11,9 pontos, com um pico de 14,5 e foi sintonizada por 28,7% dos televisores ligados na principal metrópole do país.

Não é uma defesa da Rede Globo, que assisto pouco, também tenho meus questionamentos ou uma espécie de corporativismo por também trabalhar com comunicação, mas um desabafo diante de um cenário de ataques e perseguições que se instalou no Brasil, principalmente nas redes sociais, que procuram atingir qualquer um sem nenhum conhecimento sobre o que é falado. Fica uma dica para estes críticos que conseguem atingir um público como pouco ou quase nenhum conhecimento do assunto tratado, aguardem, porque sei que estão ansiosos, têm mais Linha Direta.

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