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Sobrecarga emocional pode levar à morte, alerta psicólogo do PI

O psicólogo Eduardo Moita diz que no Brasil não existe uma valorização cultural do equilíbrio emocional

08 de janeiro de 2020, às 13:30 | Vitor Fernandes

O “Janeiro Branco” é uma campanha voltada para reflexão sobre saúde mental. O projeto acontece estrategicamente no primeiro mês do ano, pois é um período em que as pessoas refletem sobre o ano que passou e fazem planos e promessas para o ano que começa.

O psicólogo Eduardo Moita diz que no Brasil não existe uma valorização cultural do equilíbrio emocional. Ele alerta que a carga emocional, muitas vezes intensificada devido a cobranças pessoais, sociais e profissionais, pode gerar doenças, inclusive cardíacas, e até levar uma pessoa à morte. Segundo o especialista, o stress mental pode provocar problemas como gastrite, obesidade, anorexia, dentre outros.

“No momento que eu percebo que eu não tô dormindo bem, que eu não tô me alimentando de forma adequada, que o meu ciclo de vida se tornou um ciclo vicioso e negativo, eu tô me tornando uma pessoa muito nervosa, ou muito passiva, ou muito distante, a gente precisa ter interação social. Eu preciso entender o que tá acontecendo comigo, porque ninguém sabe mais do seu fazer do que você mesmo”, orienta o psicólogo.

Sobre os projetos que as pessoas costumam fazer, Eduardo Moita fala que é necessário o entendimento acerca das etapas da vida. Ele afirma que há acontecimentos próprios da infância, da adolescência, da juventude e da vida adulta, e cobra compreensão sobre essas fases.

“O ser humano tem ciclos de vida. No momento em que eu antecipo um ciclo de vida, eu tô antecipando aprendizado, mas eu também tô queimando etapas, e queimar etapas na vida traz muitos pontos negativos, muitas vezes. Então, a preocupação que a gente tem é que criança seja criança, que o adolescente tenha tempo de ser adolescente. A gente precisa entender que mais do que ter eu preciso ser. A gente dedica muito tempo em ganhar dinheiro, mas esquece de investir na condição emocional, na condição de vida. Não adianta eu juntar uma quantidade ‘X’ e não ter saúde de vida, não ter condições de desfrutar daquilo que eu juntei”, diz o especialista.

INVESTIMENTOS EM SAÚDE MENTAL

Embora os transtornos mentais sejam responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades nas Américas, os investimentos atuais estão muito abaixo do necessário para abordar sua carga para a saúde pública, conforme relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A OPAS pede aos países que aumentem os orçamentos de saúde mental e destinem recursos para as intervenções de custo-benefício mais bem comprovadas.

O relatório indica que os países devem aumentar o nível de financiamento atual para atender de forma satisfatória as necessidades das pessoas com transtornos mentais. Os déficits de financiamento em saúde mental variam de três vezes os gastos atuais em países de alta renda a 435 vezes os gastos nos países de mais baixa renda da Região.

Na América Latina, os problemas de saúde mental, incluindo o uso de substâncias psicoativas, respondem por mais de um terço da incapacidade total na Região. Desse percentual, os transtornos depressivos estão entre as maiores causas de incapacidade, seguidos pelos transtornos de ansiedade. Apesar disso, o investimento destinado à saúde mental representa um percentual muito pequeno do orçamento de saúde, segundo a OPAS.

Sobre a depressão, que se destaca no cenário de problemas emocionais, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que essa será a doença mais incapacitante do planeta. De acordo com a OMS, mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem com esse transtorno em todo o mundo. O Brasil se destaca na América Latina com um total de 11,5 milhões de pessoas sofrendo com a doença, o que representa quase 6% da população.

CRP ORIENTA PSICÓLOGOS SOBRE TRATAMENTO DE PROBLEMAS MENTAIS

A saúde mental requer um tratamento adequado e eficiente, tanto que o Conselho Regional de Psicologia do Piauí (CRP-PI) emitiu uma nota em novembro de 2019 orientando os profissionais da área no atendimento aos pacientes. A entidade ressaltou que sofrimentos psíquico e psicossocial se configuram como questões complexas de saúde e requerem consideração profissional especial, marcada por seriedade, prudência, ética e perícia técnica.

“O cuidado em saúde mental requer trabalhadores qualificados e articulados em termos interdisciplinares; exige um acolhimento ético e singular, com a montagem de projetos terapêuticos e com acompanhamento longitudinal. Engloba também aspectos transdisciplinares e de valorização do saber popular e das comunidades, sendo estes, comprovados por estudos em Ciências Humanas e Sociais e em Saúde Coletiva que têm pacientes como avaliadores dos serviços e das práticas sociais que incidem na saúde mental deles”, diz a nota.

Psicólogo Eduardo Moita / Foto: Portal GP1


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