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Conheça a história da baiana que morou em uma caverna no PI

Sua origem era desconhecida no início e houve certo ar de preocupação por parte dos moradores locais com aquela visita inesperada

09 de maio de 2022, às 07:00 | Augusto Júnior

Conversando com os moradores mais velhos da Comunidade Picos dos André, distante 23 km da sede do município de Castelo do Piauí, muitos sabem da história que iremos contar a partir de agora. Era meados da década de 70 quando chegou no lugar uma mulher, magra, alta, chamada Santina, sabe-se lá qual teria sido o motivo dela vir parar lá.

Sua origem era desconhecida no início e houve certo ar de preocupação por parte dos moradores locais com aquela visita inesperada, pois não havia nenhum parente da mulher misteriosa na região.

A mulher desconhecida chegou até Baixa do Cajueiro em um transporte chamado misto (mistura de caminhão e ônibus) que fazia horários aos sábados para a feira em Castelo e resolveu descer quando o carro parou para outras pessoas entrarem.

Qual não foi a surpresa de todos, a mulher seguiu a pé em direção aos Picos dos André e depois andando pela região resolveu ir pelo mato mesmo encontrando uma furna (como os caçadores chamam cavernas) onde parou e fez sua estada.

Populares que também usavam os caminhos percorridos pela tal mulher a encontraram descansando próximo ao Salão dos Índios, um complexo de formações rochosas e sítios arqueológicos da comunidade.

Mesmo receosos os primeiros contatos foram amistosos e a mulher que falava em tom de voz sereno, disse que se chamava Santina e que era natural da Boa Terra (Bahia).

Santina era uma mulher cafuza, descendente da miscigenação entre índios e afrodescendentes. Destemida e corajosa, não tinha medo de animais ferozes nem tampouco de pessoas, pode se dizer que era uma verdadeira mateira, com muitas habilidades conseguia sobreviver no mato sem maiores dificuldades.

Com o passar do tempo foi conquistando a simpatia e a amizade de todos e acabou por despertar o interesse de um jovem rapaz (preservaremos aqui a identidade de seu pretendente porque ele é uma figura conhecida e quase todos os dias está em um dos mercados públicos da cidade conversando com amigos) que acabou sendo seu companheiro e marido por um bom tempo.

Nos primeiros anos o casal morava na própria furna vivendo como o homem primitivo, da caça e da coleta de frutos, como gostava Santina, passando depois a morarem em uma casinha simples de barro sem reboco, a famosa casa de taipa, nos Picos dos André.

Depois de mais ou menos 15 anos juntos, houve um desentendimento na família e o casal acabou se separando. Santina assim como chegou, pegou todos de surpresa com sua saída repentina da comunidade, foi embora sem deixar rastro para nunca mais voltar, ficando apenas a lembrança do seu jeito simples e humildade e da convivência pacífica com todos.

O fato aconteceu na década de 70


* Matéria produzida por Augusto Júnior com a colaboração de Carlos Henrique Almeida.

Augusto Júnior é professor de Geografia formado pela UESPI (Universidade Estadual do Piauí), condutor de turistas e visitantes em Castelo do Piauí e comentarista esportivo em programa de rádio.


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