Mãe revela que padrasto saía sozinho com adolescente grávida assassinada em Itaueira-PI
A declaração surge após a prisão de Ramon, quatro meses depois do crime que tirou a vida da jovem e do bebê que esperava
- domingo, 1 de junho de 2025
- Marcos Ribeiro
Em meio à dor da perda, Marisa Rodrigues compartilhou detalhes perturbadores sobre a relação entre sua filha Maria Victória, de apenas 15 anos, e o padrasto Ramon Silva Gomes - agora principal suspeito do brutal assassinato da adolescente grávida.
"Ele costumava sair sozinho com ela", revelou Marisa em entrevista ao G1 Piauí, lançando novas sombras sobre o caso que chocou a pequena Itaueira, no Sul do Piauí.
A declaração surge após a prisão de Ramon, efetuada pela Polícia Civil na última sexta-feira (30/05), quatro meses depois do crime que tirou a vida da jovem e do bebê que esperava.
ÚLTIMOS MOMENTOS: A DESPEDIDA QUE MARISA NÃO SABIA SER DEFINITIVA
O relato da mãe sobre as horas finais com a filha é devastador. Na noite fatídica de 24 de março, Marisa sentiu pela última vez os movimentos do neto na barriga de Maria Victória.
"Saí por volta das sete da noite para a catequese. Antes de ir, ela me chamou dizendo 'mãe, corre aqui que o Isaac tá pulando'. Coloquei a mão na barriga dela e o neném parou. Brinquei dizendo 'eita, que tu não mexe com a vovó, hein?'", narrou com a voz embargada.
Apenas uma hora depois, ao retornar para casa, Marisa encontraria o cenário que mudaria sua vida para sempre. A porta estava aberta, um silêncio estranho pairava no ar. Após procurar pela filha em vários cômodos, abriu a porta de seu próprio quarto.
"Me deparei com minha filha daquele jeito... ensanguentada. Saí correndo pedindo ajuda, voltei tentando achar pulso, tentei reanimá-la, mas vi que estava sem vida. Aí parei. Não pude fazer mais nada", relatou entre lágrimas.
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INVESTIGAÇÃO REVELA CONTRADIÇÕES E LEVA À PRISÃO DO PADRASTO
A prisão de Ramon Silva Gomes representa uma virada dramática nas investigações. Inicialmente, o ex-namorado da adolescente e pai do bebê chegou a ser considerado o principal suspeito, mas foi descartado pela polícia dias depois do crime.
O delegado João Ênio, responsável pelo caso, revelou elementos cruciais que levaram à prisão do padrasto.
"Identificamos a presença do senhor Ramon no local do crime, no momento do crime. São dados irrefutáveis e inquestionáveis. Isso contraria frontalmente a versão dele, que formalmente e informalmente disse que estaria na localidade Pintada, na casa dos seus pais. Essa versão não se sustenta", explicou o delegado, sem revelar detalhes específicos para não comprometer futuras investigações.
EVIDÊNCIAS DESAPARECIDAS E MISTÉRIOS PERSISTENTES
O caso apresenta elementos perturbadores que intrigam os investigadores. Familiares relataram ter encontrado uma faca na residência no dia do crime, objeto que misteriosamente desapareceu antes da chegada da polícia. O celular da adolescente também nunca foi localizado.
Maria Victória foi encontrada com perfurações no tórax, inchaços no rosto e pescoço, além de hematomas nos braços. A brutalidade do crime levou as autoridades a realizarem a exumação do corpo em 10 de abril para coleta de novas provas biológicas.
"Se ele não é o executor, nem o mandante ou partícipe, então seria uma testemunha. Porém, essa última opção não se sustenta diante das inverdades ditas por ele", concluiu o delegado João Ênio sobre o papel de Ramon no crime.
Marisa, devastada pela perda da filha e do neto que esperava, mantém-se reservada sobre a prisão do companheiro.
"Não vou declarar nada sobre a prisão dele", afirmou, enquanto tenta processar a traição mais profunda imaginável.
O bebê que Maria Victória carregava já tinha nome - Isaac - e já se manifestava com movimentos na barriga da mãe adolescente, tornando a tragédia ainda mais comovente para todos os envolvidos.
A Polícia Civil continua as investigações para esclarecer completamente as circunstâncias e motivações deste crime brutal que ceifou duas vidas em formação.
CRONOLOGIA DO CASO
- 24 de março de 2024: Maria Victória, grávida de cinco meses, é encontrada morta pela mãe, com sinais de violência.
- 26 de março: Polícia descarta envolvimento direto do ex-namorado da vítima e pai do bebê.
- 10 de abril: Corpo da adolescente é exumado para coleta de novas provas biológicas.
- 30 de agosto: Ramon Silva Gomes, padrasto da vítima, é preso como principal suspeito.
Maria Victória / FOTO: Arquivo Pessoal
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