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Critério político e irregularidades nas ocupações em Teresina

Em toda a capital são cerca de 250 ocupações consolidadas, como o Parque Vitória e Vila das Torres que reúnem 15 mil pessoas em busca de moradia

10 de julho de 2017, às 22:35 | Wesslley Sales

Com mais de 1.381 milhão de km² Teresina é uma cidade onde a questão fundiária é grave. Movimentos sociais estimam que apenas 20% de toda área territorial está devidamente regularizada. Fisicamente isso revela que em todas as regiões aparecem vastas áreas improdutivas o que contribui para a especulação imobiliária e as invasões/ocupações.

Em toda capital piauiense são aproximadamente 250 ocupações consolidadas, como o Parque Vitória e Vila das Torres que, no total, reúnem cerca de 15 mil pessoas em busca de moradia. Com críticas à falta de fiscalização e ao apadrinhamento político, Zé da Cruz, presidente da União Municipal de Associações de Moradores e Entidades Culturais de Teresina, faz um desabafo ao Blog do Douglas Cordeiro.

“Teresina hoje tem grande quantidade de terras devolutas e isso é para especulação imobiliária. São áreas sem serventia e que valem por baixo algo em torno de R$ 10 milhões. Isso leva às ocupações. Quem estimula as ocupações são as Federações, mas deixaram de fazer seu papel, não só de ocupar a terra como também de organizar as pessoas. Para se fazer ocupação é preciso primeiro a necessidade e segundo a coragem”, analisou.

Muitas ocupações em Teresina tem apadrinhamento político

Zé da Cruz reconhece que há muitas famílias sendo beneficiadas irregularmente com apartamentos e casas populares. Sem citar nomes, diz que o apadrinhamento político beneficia eleitores e reclama que a falta fiscalização nos conjuntos habitacionais leva a venda de imóveis.

“Além da venda, pessoas que realmente precisam recebem o imóvel com danos e ninguém se responsabiliza. No Jacinta Andrade há casas cheias de mato, mas se denuncia na Caixa Econômica é muita burocracia. Vai na prefeitura ninguém se responsabiliza. Tem locais em que as casas servem apenas para passar o fim de semana, para o churrasco. Na eleição passada vários vereadores foram flagrados fazendo negociatas. Ministério público nem ninguém diz nada. Foi uma chuva de compra de votos com essas casas. Precisa de uma fiscalização séria nos conjuntos habitacionais que já foram entregues e investigação profunda nesses casos”, reclamou.

O presidente da UMAC finalizou defendendo a necessidade de “horizontalizar Teresina” e fazer conjuntos “zonalizados” para atender população de acordo com sua origem. “Precisam também pensar em postos de saúde, escolas e creches para que a população não seja jogada em um conjunto habitacional de qualquer jeito e fique abandonada.


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