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Aulas aos sábados: necessidade ou apelo do mercado?

Para especialistas este é um problema grave, pois impacta negativamente no descanso e no sono dos estudantes, importantes também para o processo de fixação da aprendizagem

28 de novembro de 2017, às 02:40 | Wesslley Sales

Houve um tempo que além das disciplinas regulares da época, a escola ensinava o aluno a cozinhar e costurar, preencher cheque, cuidar de uma horta e noções de marcenaria. Era a rotina no final da década de 70 na escola pública Benjamim Baptista, zona norte de Teresina e de onde guardo boas lembranças do antigo primário.

Tínhamos vida escolar bem dividida. Nada de livros em excessos nem de disciplinas divididas em dois ou três “especialidades”. Precisávamos ter a “tabuada” na ponta da língua. Havia tempo para praticar esportes na própria escola, jogar bola com os amigos, andar de bicicleta e passear com a família quase todos os finais de semana. Foi uma época em que só não encontrou profissão ou chegou ao ensino superior quem não quis, pois tínhamos um ensino de qualidade.

De lá para cá muita coisa mudou. Disciplinas como matemática, física e química foram subdivididas. O aluno passou a carregar 13 e até 17 livros para aprender o que era ensinado poucos anos atrás com a metade deste volume. Interessante que não há mudanças significativas nas disciplinas que justifiquem esta “especialização” no ensino médio.

Aulas aos sábados: necessidade ou apelo do mercado? / Foto: Repordução

Com este excesso, a carga horário precisou crescer e, especialmente em Teresina, foram instituídas aulas aos sábados. Para especialistas este é um problema grave, pois impacta negativamente no descanso e no sono dos estudantes, importantes também para o processo de fixação da aprendizagem. Agora, um movimento puxado pelo juiz federal, Márcio Braga, tenta pôr um fim neste dia a mais do aluno na escola.

O fato é que as escolas que trabalham com o sábado para completar a carga horária são particulares. Também é fato que este excesso de livros e disciplinas, se comparado com a educação de décadas atrás, não trouxe mais qualidade. Ao contrário, acarreta doenças psicológicas e ortopédicas, além de uma pressão por resultados positivos no ENEM, concursos e mercado de trabalho.

Caberá aos pais regularem o que querem para seus filhos. Um bom passo é responder a seguinte pergunta: realmente há necessidade da criança e do adolescente terem aulas no final de semana ou é apenas apelo mercadológico?


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