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Brasil, um país que é refém dos gigantes das estradas

Em uma greve sem precedentes mostraram a fragilidade brasileira ao optar em fortalecer apenas a malha viária

31 de maio de 2018, às 11:00 | Wesslley Sales

Diferente dos Estados Unidos, que optou por fortalecer o transporte ferroviário, o Brasil de Juscelino Kubitschek, na década de 50, preferiu o caminho da rodovia para “acelerar” o desenvolvimento da nação. Para se ter uma ideia, dos pouco mais de 30 mil quilômetros de ferrovias, 1/3 foi construída ainda quando o país era um império sob a batuta de Dom Pedro II. Enquanto isso, a rede ferroviária norte americana é a mais extensa do mundo com mais de 226 mil quilômetros.

A justificativa para o recuo nacional na malha ferroviária foram os alto custos e o tempo de construção, além crise do café. Assim, o transporte no país foi calcado nas rodovias e hoje temos mais de 1.7 milhão de quilômetros de estradas interligando o país e escoando a produção. Boa parte em péssimas condições.

Para se ter uma ideia, o Governo Federal investiu R$ quase 90 bilhões em rodovias e apenas R$ 15 bilhões em ferrovias. Pelas estradas brasileiras passam 61% da nossa produção, enquanto por trens são apenas 14%.

O Governo Federal investiu R$ quase 90 bilhões em rodovias e apenas R$ 15 bilhões em ferrovias / Foto: Exame

Caminhoneiros transportam vidas, tecnologia, alimentos, medicamentos e combustíveis. Tudo passa pelas rodovias. A categoria também e vítima do tempo, do frete e dos altos custos de manutenção dos veículos, isso sem falar no longo tempo fora de casa e longe da família.

Agora, eles também mostraram ao mundo a força que tem. Em uma greve sem precedentes mostraram a fragilidade brasileira ao optar em fortalecer apenas a malha viária. Sem produtos, todo o país ficou à beira do caos. Desabastecimento quase que total, queda da bolsa de valores e das ações da Petrobrás. A sociedade consumida em filas e com os nervos à flor da pele. O prejuízo parcial para nação chega a mais de R$ 32 bilhões em apenas nove dias.

Sim, a reivindicação dos caminhoneiros pela redução no preço dos combustíveis é mais do que justa e por isso conta com o apoio da população. Ninguém aguenta mais pagar tantos tributos. O que vemos hoje é um reflexo da corrupção e de um país com os mais altos impostos no mundo, estes responsáveis pelo alto valor do diesel, etanol e gasolina. A opção do passado contribuiu para fazer do Brasil um refém dos gigantes das estradas.


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