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Número de estupros no Piauí está entre os maiores do Nordeste

A morte de mulheres, em sua absoluta maioria (90,8%), em idade ativa (entre 18 e 59 anos) mostra um país onde o homem ainda é machista e possessivo

25 de fevereiro de 2019, às 09:30 | Wesslley Sales

Estuprador de uma criança de apenas 12 anos, réu confesso, foi solto pela Justiça um dia após a prisão. A justificativa é de que a vítima, que estava recebendo cuidados médicos, não prestou depoimento. O caso, que aconteceu semana passada em Picos, na região sul do Estado, entra para a história dos absurdos descasos envolvendo a violência contra a mulher, onde 43% das vítimas tem menos de 14 anos e 49,8% são abusadas por um parente.

De janeiro a novembro do ano passado foram manchetes na imprensa de todo o país 14.790 casos de violência doméstica. O Piauí, ao lado de Ceará e Tocantins registraram 3% deste total, com 452 notificações cada um, de acordo com o Mapa da Violência Contra a Mulher.

O estudo é da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados. O levantamento mostra ainda que é alarmante o número de estupros no Piauí, 929 casos, ficando atrás apenas de Pernambuco (1.289), Bahia (1.863) e Alagoas (1.913). Completam o quadro nordestino Rio Grande do Norte (184), Sergipe (314), Paraíba (392), Maranhão (511) e Ceará (789).

Se os números de estupros já podem ser considerados altos, a situação pode ser ainda pior por causa das subnotificações. Por medo de serem mortas por seus esposos, namorados e parceiros muitas mulheres sequer buscam ajuda psicológica ou da polícia. Casos assim evoluem para outro crime, o feminicídio.

Com esta nova tipificação criada por Lei em março de 2015 é que existe um descompasso entre o que é apontado no estudo e a estatística oficial da Secretaria de Segurança. Enquanto o Mapa aponta para 302 feminicídios no Piauí em 2018, a SSP registrou 25 no mesmo período e 115 desde sua vigência.

A morte de mulheres, em sua absoluta maioria (90,8%), em idade ativa (entre 18 e 59 anos) mostra um país onde o homem ainda é machista e possessivo. Confirma ainda que estamos longe de garantir a segurança da vítima após a denúncia. Apesar disso, experiências como o aplicativo Salve Maria, desenvolvido no Piauí, apontam caminhos não apenas para o enfrentamento, mas também para prevenir a violência contra a mulher em suas mais variadas formas.

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