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Piauí é o segundo estado com mais pontos vulneráveis à exploração sexual infantil nas rodovias

O mapeamento não é apenas a identificar os pontos vulneráveis. Após coleta e análise dos dados, a PRF intensifica fiscalizações nos locais


O cenário das rodovias federais que cortam o piauí esconde uma realidade perturbadora. O estado ocupa a segunda posição no ranking nacional de pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, conforme revelado pelo mais recente levantamento do Projeto Mapear, iniciativa da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Nas estradas piauienses, foram identificados 2.496 locais com algum nível de vulnerabilidade, sendo 142 classificados como de alto risco e outros 19 em situação crítica. Apenas Minas Gerais supera esses números, com 3.581 pontos mapeados.

MAPA DO PERIGO NAS ESTRADAS BRASILEIRAS

A ferramenta desenvolvida pela PRF analisou dados do período 2023-2024, com o propósito de identificar áreas onde crianças e adolescentes estão mais expostos a este crime, considerado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como uma das piores formas de trabalho infantil.

Em todo território nacional, o Projeto Mapear identificou 17.687 pontos de vulnerabilidade. A região nordeste concentra a maior parte desses locais, totalizando 6.532 pontos mapeados.

O levantamento revela ainda que 58% dos pontos vulneráveis estão localizados em áreas urbanas. Entre os locais mais problemáticos destacam-se bares, hotéis, postos de combustíveis e estabelecimentos comerciais situados às margens das rodovias federais.

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO: DO MONITORAMENTO À INTERVENÇÃO URGENTE

Os pontos identificados pelo Projeto Mapear são categorizados em quatro níveis de risco, permitindo ações direcionadas conforme a gravidade da situação:

- Baixo risco: Locais com indicativos mínimos de vulnerabilidade imediata, mas que necessitam vigilância preventiva constante;

- Médio risco: Áreas onde existem elementos facilitadores para a exploração sexual, embora não haja confirmação de ocorrências frequentes;

- Alto risco: Pontos caracterizados pela forte presença de fatores preocupantes, como prostituição adulta, segurança precária, iluminação deficiente e movimentação suspeita envolvendo menores;

- Crítico: Representam as situações mais graves, com elevada concentração de fatores de risco e forte probabilidade de exploração sexual infantil ocorrendo regularmente.

No Piauí, apesar do número alarmante de pontos identificados, 73% são classificados como de baixo risco, enquanto 20% estão na categoria de médio risco.

AUMENTO PREOCUPANTE, MAS COM SINAL DE MELHORIA

Comparado ao levantamento anterior, houve um aumento expressivo de mais de 83% no total de pontos mapeados. Contudo, um dado traz certo alento: a proporção de locais classificados como críticos e de alto risco diminuiu, indicando possível efetividade das ações preventivas implementadas.

DA IDENTIFICAÇÃO À AÇÃO

O mapeamento não se limita apenas a identificar os pontos vulneráveis. Após a coleta e análise dos dados, a PRF intensifica fiscalizações nos locais classificados como críticos e de alto risco, o que frequentemente resulta em prisões em flagrante.

Paralelamente, são desenvolvidas ações educativas e estabelecidas parcerias com órgãos públicos e entidades da sociedade civil, visando prevenir a exploração sexual e garantir proteção às vítimas.

Desde sua criação em 2003, o Projeto Mapear tornou-se referência na produção de informações sobre a exploração sexual de menores nas rodovias federais brasileiras.

MAIO LARANJA: MÃOS DADAS CONTRA A EXPLORAÇÃO SEXUAL

Não por acaso, a 10ª edição do Projeto Mapear foi lançada em maio, mês dedicado à campanha Maio Laranja, que busca conscientizar a população sobre o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.

A iniciativa se estende por todo o mês, tendo como ponto alto o dia 18 de maio, instituído pela Lei nº 9.970/2000 como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

A campanha mobiliza diversos setores da sociedade, órgãos governamentais e organizações civis com o objetivo de dar visibilidade ao problema, promover ações educativas e fortalecer a rede de proteção à infância e adolescência.

Foram identificados 2.496 locais / FOTO: Portal Gov.br 

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