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Vai começar o "troca-troca" de partido. Quem vai mudar no Piauí?

Os deputados terão trinta dias para fazer a mudança sem perder o mandato por infidelidade partidária

01 de março de 2022, às 12:00 | Tarcio Cruz

Os deputados que pretendem trocar de partido político antes das eleições deste ano, terão 30 dias para fazê-lo sem perder o mandato por infidelidade partidária. Este período da janela partidária, que começa a ser contada a partir da próxima quinta-feira (03/02), termina no dia 1º de abril. No Piauí a expectativa é que até quatro deputados federais e quinze deputados estaduais mudem de partido.

A janela partidária faz parte do calendário eleitoral e está prevista na Lei das Eleições (Artigo 93-A da Lei 9.504/1997). A regra foi regulamentada pela Reforma Eleitoral de 2015 (Lei nº 13.165/2015), após a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que firmou o entendimento segundo o qual o mandato obtido nas eleições proporcionais (deputados e vereadores) pertence à agremiação, e não aos candidatos eleitos. A regra também está prevista na Emenda Constitucional nº 91/2016.

O parlamentar que trocar de partido fora da janela partidária, sem apresentar justa causa, pode perder o mandato. São consideradas “justa causa” as seguintes situações: criação de uma nova sigla; fim ou fusão do partido; desvio do programa partidário ou grave discriminação pessoal.

Em 2018, o TSE decidiu que só pode usufruir da janela partidária a pessoa eleita que esteja no término do mandato vigente. Ou seja, vereadores só podem migrar de partido na janela destinada às eleições municipais, e deputados federais e estaduais naquela janela que ocorre seis meses antes das eleições gerais.

Para o cientista político João Beato, a oportunidade em que é permitida a troca de partido político serve para acomodar mudanças políticas ocorridas no transcorrer de uma legislatura. 

“A política é sujeita a uma série de variáveis, não é uma coisa constante”, explica.

Segundo ele, a normatização da janela partidária serviu para conter a volatilidade das filiações partidárias, em que deputados e vereadores por vezes acumulavam múltiplas mudanças de partido numa mesma legislatura, sem engessar o jogo político. 

“Viver com toda aquela efemeridade do ‘troca-troca’ do político de um partido para outro, de uma forma sem limites, era muito ruim para a democracia”, avalia.

A troca de partido no ano eleitoral permite, segundo Beato, uma reconfiguração das forças políticas no cenário das próximas eleições, sem que partidos ou mandatários sejam prejudicados. 

“Isso ajuda muito o eleitorado a não ficar perdido no processo de trocas de legendas”, acrescenta.

Presidente do TSE, Edson Fachin / FOTO: Poder 360


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