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Brasil: nós estamos todos bêbados

Devemos mesmo estar todos bêbados para não compreendermos como fomos capazes de chegar até essa situação de aparência absurda e irreal

18 de setembro de 2017, às 23:45 | Edmar Oliveira

“Porque no final, a realidade é essa: nós ‘não vai’ ser preso; nós sabemos que nós ‘não vai’. Vamos fazer tudo, menos ser preso”.Joesley Batista


A República está embriagada. O presidente usurpador vai à China fazer um negócio às avessas. Coloca o país à venda para comprar a continuidade do mandato e fazer aprovar reformas no interesse dos donos desta nação que ficaram com medo de perder o tesouro – que foi ameaçado quando os pobres ganharam algumas migalhas a mais do que estavam acostumados. O Maia chorão promete ajudar o Rio se o Pezão fechar a UERJ, demitir os servidores e vender a CEDAE. Os jovens, como gado ao matadouro, não se dão conta de que a eliminação dos direitos trabalhistas os torna escravos e a reforma da previdência torna o seu futuro imprevidente. Parece não haver mais a revolta que faz a juventude reluzir. Uma mala de dinheiro sai bêbada de uma pizzaria para pegar um taxi e o ladrão que a devolve é solto. Uma fita faz a confissão de corrupção presidencial, mas o congresso não autoriza processar o ladrão. Num apartamento em Salvador é encontrada uma pilha de dinheiro, que parece ter sido colhido em árvore. Se o dinheiro fosse tirado em caixas eletrônicos, seriam necessários 34 anos de labor ininterrupto para o ladrão ter acumulado a quantia no apartamento. Um ex-petista que ameaçou denunciar o esquema bancário (que nunca é ligado ao dinheiro encontrado) denunciou seu ex-chefe para que a delação seja aceita pelo juiz justiceiro. A premiação dada aos irmãos açougueiros pela delação foi anulada porque eles esconderam o que o Ministério Público não queria ouvir. O Supremo aceitou a delação porque havia ameaça de se falar os podres de suas excelências, o que não se concretizou ao final da audição.

A República está embriagada

E foi quebrado o sigilo de uma conversa dos delatores contendo bravatas, estripulias sexuais em gabolice e confissões estapafúrdias (com erros de português dignos de dupla sertaneja goiana), de quem se achavam acima da lei. O que diabos foi fazer uma prova contra os próprios donos da fita dentro da fita? Eles não souberam explicar porque entregaram uma enorme gravação em que produzem provas abundantes de seus crimes e convicções bandidas. Alegaram que era conversa de bêbados entregue por bêbados que se embriagaram da corrupção desenfreada que assolou o país.

Uma foto indiscreta, num pé sujo e entre caixas de cervejas, denuncia um encontro entre o Procurador Geral da República e o advogado dos bandidos. Seria outra conversa de bêbados?

Devemos mesmo estar todos bêbados para não compreendermos como fomos capazes de chegar até essa situação de aparência absurda e irreal. Eu mesmo não tenho a menor condição de explicar os fatos que aqui apenas enunciei. Estou muito bêbado para compreender.

Eu vou tomar outra. Me acompanha?


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