Inteligência Artificial no cotidiano: Saiba como a IA já transformou sua rotina diária
Dos assistentes virtuais que respondem perguntas às recomendações personalizadas de séries, a IA muda nossa interação com o mundo
- domingo, 25 de maio de 2025
- Douglas Cordeiro
A inteligência artificial não é mais ficção científica ou tecnologia restrita a laboratórios de pesquisa. Ela já está em seu bolso, em sua casa e até mesmo tomando decisões que afetam diretamente sua vida.
Segundo pesquisa global da IBM "Global AI Adoption Index 2022", 35% dos negócios já utilizam IA em suas operações, tecnologias que acabam chegando aos consumidores finais. O impacto é tão profundo que o Fórum Econômico Mundial estima que até 2025, as interações com sistemas de IA serão parte rotineira do dia a dia da maioria das pessoas em áreas urbanas.
O que antes parecia distante agora é onipresente: dos assistentes virtuais que respondem perguntas às recomendações personalizadas de séries, a IA silenciosamente redesenha nossa interação com o mundo. E o Brasil tem se destacado na adoção dessas tecnologias, com crescimento de 28% no uso de soluções baseadas em IA entre 2020 e 2022, conforme dados da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (ABRIA).
NAS PALMAS DAS MÃOS: IA NO SMARTPHONE
Seu celular é provavelmente o maior ponto de contato com a inteligência artificial em seu cotidiano. Quando você tira uma foto e o aparelho automaticamente melhora a imagem, reconhece rostos ou sugere edições, algoritmos de IA estão trabalhando.
Os smartphones modernos utilizam múltiplos sistemas de IA simultaneamente, desde o reconhecimento facial para desbloqueio até a otimização de bateria baseada nos hábitos de uso. A previsão de texto que completa suas mensagens, os filtros que transformam seu rosto em fotos e até mesmo a forma como seu celular gerencia recursos são exemplos dessa tecnologia.
Um dado surpreendente: segundo o relatório "State of Mobile 2023" da data.ai (anteriormente App Annie), os brasileiros passam em média 5 horas diárias em aplicativos móveis, e grande parte dessas plataformas utiliza alguma forma de inteligência artificial para personalizar a experiência do usuário.
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ENTRETENIMENTO PERSONALIZADO: QUANDO O ALGORITMO CONHECE SEU GOSTO
Plataformas de streaming como Netflix, Spotify e YouTube utilizam sistemas sofisticados de IA para analisar hábitos e preferências, criando uma experiência de entretenimento sob medida.
De acordo com o relatório anual da Netflix, seus algoritmos de recomendação economizam aproximadamente US$ 1 bilhão por ano ao reduzir o cancelamento de assinaturas através da personalização eficiente. Esses sistemas analisam não apenas o que você assiste ou ouve, mas também quando pausa, repete ou pula conteúdos.
A personalização vai além das recomendações: o Spotify, por exemplo, utiliza IA para criar playlists como "Descobertas da Semana" analisando padrões de escuta e preferências musicais. Já o TikTok, segundo pesquisa da Universidade de Zurich publicada em 2022, consegue determinar interesses dos usuários com alta precisão após apenas 40 minutos de uso.
CASA INTELIGENTE: ASSISTENTES VIRTUAIS E AUTOMAÇÃO
Assistentes como Alexa, Google Assistant e Siri transformaram a maneira como interagimos com nossos lares. Segundo a pesquisa "Connected Home 2023" da Kantar IBOPE Media, 23% dos lares brasileiros já possuem algum dispositivo de casa inteligente.
A adoção de assistentes virtuais cresceu significativamente no Brasil nos últimos anos. Dados da consultoria GfK indicam que as vendas de alto-falantes inteligentes aumentaram 85% no país entre 2020 e 2022, impulsionadas pelo trabalho remoto e pela maior permanência em casa após a pandemia.
Esses assistentes fazem muito mais que responder perguntas ou tocar músicas. Eles aprendem rotinas, controlam outros dispositivos e até mesmo detectam padrões anormais que podem indicar problemas de segurança ou saúde. Estudos da Accenture mostram que sistemas de iluminação inteligente que aprendem hábitos dos usuários podem reduzir em até 15% o consumo de energia elétrica.
SAÚDE E BEM-ESTAR: IA COMO ALIADA MÉDICA
A inteligência artificial está revolucionando a saúde, desde aplicativos que monitoram atividade física até sistemas que auxiliam diagnósticos médicos complexos.
Pesquisas publicadas no Journal of the National Cancer Institute demonstraram que algoritmos de IA podem detectar certos tipos de câncer em exames de imagem com precisão comparável ou superior a médicos especialistas. Um estudo de 2022 da Nature Medicine mostrou que sistemas de IA identificaram corretamente 95% dos casos de câncer de pulmão em tomografias, comparado a 88% dos radiologistas.
Wearables como smartwatches não apenas contam passos, mas monitoram frequência cardíaca, qualidade do sono e até mesmo podem detectar arritmias cardíacas ou quedas, enviando alertas automáticos em situações de emergência. A Apple Watch, por exemplo, já salvou vidas ao identificar fibrilação atrial em usuários que desconheciam ter a condição, conforme documentado em diversos casos clínicos.
No Brasil, grandes hospitais já utilizam sistemas de IA para priorizar atendimentos no pronto-socorro e auxiliar diagnósticos. Aplicativos de bem-estar mental como Headspace e Calm utilizam algoritmos para personalizar meditações e exercícios de mindfulness baseados nas necessidades específicas de cada usuário.
TRABALHO E PRODUTIVIDADE: COLABORADORES DIGITAIS
No ambiente profissional, ferramentas de IA estão transformando fluxos de trabalho e aumentando a produtividade em diversos setores.
Segundo relatório da McKinsey Global Institute, empresas que implementam IA em seus processos reportam um aumento médio de 20-25% na produtividade em determinadas funções. Ferramentas como o Microsoft Copilot ajudam a redigir e-mails, criar apresentações e resumir documentos longos. Plataformas de análise de dados utilizam IA para transformar informações complexas em insights acionáveis, mesmo para usuários sem conhecimento técnico.
De acordo com o relatório "AI Transforming Financial Services" da Deloitte, instituições financeiras brasileiras que implementaram assistentes virtuais baseados em IA para atendimento ao cliente registraram resolução de até 85% das demandas sem intervenção humana e redução significativa no tempo médio de atendimento.
DESAFIOS E PREOCUPAÇÕES: O OUTRO LADO DA MOEDA
Apesar dos benefícios, a onipresença da IA traz preocupações legítimas sobre privacidade, vieses algorítmicos e dependência tecnológica.
Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2022 revelou que 78% dos brasileiros se preocupam com o uso de seus dados pessoais por sistemas de IA, mas apenas 23% leem os termos de uso antes de aceitar. Enquanto isso, casos documentados de vieses algorítmicos que perpetuam discriminação em processos seletivos ou concessão de crédito levantam questões éticas importantes.
Um estudo publicado na revista Science em 2021 demonstrou que algoritmos de IA podem amplificar preconceitos existentes quando treinados com dados históricos que refletem desigualdades sociais. Isso levanta questões sobre a necessidade de diversidade nas equipes que desenvolvem essas tecnologias e auditorias constantes dos sistemas.
O Brasil avança na discussão sobre regulamentação, com o Projeto de Lei 21/2020 (Marco Legal da Inteligência Artificial) em tramitação no Congresso Nacional, buscando estabelecer princípios, direitos e deveres para o uso da IA no país.
O FUTURO JÁ PRESENTE: PARA ONDE VAMOS?
A inteligência artificial continuará se integrando ao nosso cotidiano de formas cada vez mais sofisticadas e, paradoxalmente, menos perceptíveis.
Com a chegada do 5G e a expansão da Internet das Coisas (IoT), especialistas preveem um salto qualitativo na capacidade dos sistemas de IA interagirem com o mundo físico. Segundo projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o mercado brasileiro de IA deve crescer a uma taxa anual de 35% até 2025, impulsionado por aplicações em saúde, finanças e varejo.
Veículos autônomos, diagnósticos médicos preventivos e cidades inteligentes são apenas algumas das possibilidades no horizonte próximo. O relatório "Future of Jobs 2023" do Fórum Econômico Mundial projeta que até 2030, a IA criará mais empregos do que eliminará, mas exigirá requalificação significativa da força de trabalho.
Mas talvez o maior desafio seja encontrar o equilíbrio entre aproveitar os benefícios dessa tecnologia e manter o controle humano sobre decisões fundamentais. Como sociedade, precisamos definir limites éticos claros e garantir que a IA permaneça uma ferramenta a nosso serviço, não o contrário.
Afinal, a verdadeira inteligência está em usar essas tecnologias para ampliar nossas capacidades humanas, não para substituí-las.
Cerca de 35% dos negócios já utilizam IA em suas operações / FOTO: Ascenty
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