Com o tempo, eles vão aprender
Há informações não de todo confirmadas, ressalte-se, de que foi muito mais fruto dos erros do time do Presidente Eleito do que fruto da esperteza de seus adversários
A segunda semana do presidente eleito Jair Bolsonaro começou muito boa, mas terminou bem ruinzinha. Claro, falo dos encontros no Congresso, escolha de sua primeira ministra e depois a decisão do Senado de aprovar leis que vão aumentar os gastos do Governo do ano que vem. Mais uma vez, muito mais por conta daqueles que lhe são mais próximos, que dele próprio.
Há informações não de todo confirmadas, ressalte-se, de que foi muito mais fruto dos erros do time do presidente eleito do que fruto da esperteza de seus adversários.
Governo novo erra, natural. Governo que não assumiu, e que é feito por gente que nunca foi poder, erra mais ainda! Tudo muito natural, mas custoso. Foi interessante ver como a política não pode ser feita por qualquer um, ou que abuse do voluntarismo. Se política fosse fácil qualquer um faria. Na casa da gente, às vezes, quando fazemos a política familiar nos damos mal, sendo mais favorável a filho tal que a filho qual! Imagine no âmbito dos profissionais?
Nas democracias representativas do mundo inteiro, nas mais organizadas, é fundamental que se mantenha a chamada “Memória da República”. Bem, e o que diabo é isso!? Não se trata de nenhum museu, e olhe que os museus são importantíssimos. Ver fotos, textos, artes, estátuas de figuras histórias nos lembram de onde viemos. Dá um freio em nossas estultices. A “Memória da República” que falo está nos poderes. É mais comum ver no Legislativo. Um exemplo é quando um parlamentar experiente revela momentos de articulações marcantes, ou nem tanto, nas construções legislativas. O maior combustível da política é a credibilidade dos agentes. Quem fez acordos num certo momento pode cobrar seus cumprimentos, e vice versa.
Infelizmente, o público em geral imagina logo safadeza. Não é bem assim. A política se faz com conversa, convicções e composições em torno de um bem maior. Nem sempre se ganha, mas não se nasceu para perder sempre. E assim que se constrói o sentimento democrático, baseados nos preceitos clássicos, do voto livre, alternância de poder, Justiça e imprensa livres. Em certos momentos, os poderosos podem mais, noutros podem menos.
Bolsonaro está num momento que pode mais, porém tem que saber fazê-lo.
O Presidente do Senado, senador Eunício Oliveira (MDB-CE), ao colocar em votação o aumento dos ministros do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República cumpriu um rito. Poder nenhum nega nada a outro poder quando está na conta do constitucional. A prorrogação do benefício fiscal ao setor automobilístico até 2030 atendeu o Nordeste do Brasil com especial atenção, desde de que seja ofertada transferência de tecnologia.
Quem acompanha o Congresso Nacional, e a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, sabia que essa questão do benefício fiscal não foi uma invenção. Foi muito bem cuidado e preparado. O Governo Federal às voltas com seus problemas fiscais queria só reduzir a conta, e conseguiu algo assim!
Não houve um ardil dos senadores para garfar o novo Governo, que, repito, ainda não se iniciou.
Isso tem que ser explicado, especialmente para quem deseja comprar algo que está sendo vendido.
A bancada dos senadores do Nordeste - 27 ao todo, segundo apurou a Política Real tende, a partir do ano que vem, a ser composta por 5 oposicionistas, 4 governistas e 18 independentes, que vão se movimentar a partir da pauta apresentada. Se a Câmara tende a ser mais governista, é natural imaginar que será no Senado onde veremos mais equilíbrio.
Na semana passada, avaliou-se por aqui a importância do Judiciário para frear a pauta de costumes do novo governo. Agora, vemos, ainda numa prévia, o que o Legislativo poderá fazer.
A política, ainda bem para a turma de Bolsonaro, é como amor, quanto mais se faz melhor se faz! Eles vão aprender, que seja logo!
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