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O presidente eleito, Lula, poderá dar um golpe em si mesmo. Entenda como

Lula precisa formar um governo em que gente que não tem cara de PT ocupe postos chaves na lida com a economia real

21 de novembro de 2022, às 12:00 | Genésio Junior

Justo na semana do Black Friday, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva que tomou “posse no exterior” antes de jurar a Constituição para seu terceiro mandato no Congresso Nacional, deverá fazer anúncios (nada baratos!) sobre o governo que já começou apesar de seus protetores dizerem que existe um presidente até o 31 de dezembro de 2022.

As vigílias às portas dos QG’s e comandos continuam, mas não vai ter golpe. O “golpe”, na verdade, só poderá ser dado pelo novo governo. Como sabemos, esse novo governo não terá os famosos 100 dias de tolerância, tanto da imprensa como do seu povo.

Os mais próximos dizem que Lula não está gostando da pressão que vem sofrendo. As cobranças do Mercado sobre gastar para acudir os pobres, ele já começou a contornar em sua fala em Portugal, na “terrinha”. Disse que soube de uma carta com conselhos de gente importante (economistas tucanos) e que humilde iria ver o que de bom há, pois atenderia. Muita gente próxima dele está nessa tocada.

Esse é um falso dilema. No passado, Lula, num momento em que o Brasil tinha problemas, mas não o que se vê hoje, foi responsável. Lula já disse que não vai fazer tudo o que o Mercado quiser. Dizer que ele está errado, que é presunçoso, seria um exagero. A preocupação de Lula é outra, tudo indica - e aí está o golpe real que ele poderia dar em si próprio.

Não resta dúvida que o Partido dos Trabalhadores está perplexo com o desempenho do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Ele tem uma capacidade de em meio as tensões nada falar e dizer tudo. Quando tem que falar, como foi no final da semana, colocou as coisas no lugar.

O ex-senador Aloízio Mercadante, que é o coordenador para as equipes técnicas da Transição e presidente da Fundação Perseu Abramo, teve um encontro com os petistas. Eles dominam esses grupos. Estão ávidos para funcionarem na reconstrução das políticas públicas devastadas nos últimos anos. Para tal, precisam de cargos. 

Lula, falando em Portugal, disse que iria formar um governo com a sociedade, com aliados e não filiados, além do PT. Lula esteve com Fernando Haddad a todo momento nessa viagem ao Egito/Portugal. Seria ele o contraponto ao grande poder que terá Alckmin?  

Lula deverá se encontrar com os economistas tucanos, deverá deslanchar mais alguns grupos técnicos, mas, tudo indica, mais que isso, anunciará ministros? Lula para não dar um golpe em si mesmo, e atrair boa parte do eleitorado de Bolsonaro que não é extremistas, terá que colocar gente que não tem cara de PT e nem de esquerda em seu governo. Isso apavora alguns alijados.

Lula já foi informado que na lida com um Centrão dividido e tendo que se haver com um Orçamento Secreto que não vai sair de cena assim tão fácil, não poderá errar neste início. Mais que os bons conselhos deve fazer um percurso pelo nosso recente histórico e com o inusitado dos tempos atuais.

Lula precisa formar um governo em que gente que não tem cara de PT ocupe postos chaves na lida com a economia real e que deu, minimamente, certo durante os anos Bolsonaro. Lula sabe que os oportunistas serão sempre oportunistas. Mas ele que também o é, precisa dar um “show” na formação do governo.

Presidente eleito, Lula / FOTO: O TEMPO


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