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Lula ou Bolsonaro? Vencerá quem conseguir mais de seus pobres e não dos ricos

Em uma eleição onde é difícil imaginar que o eleitor troque de voto, a vitória está nos pequenos detalhes

25 de outubro de 2022, às 11:00 | Genésio Junior

Muita gente que não gosta de Lula e do petismo, suas ideias, está anunciando que vai votar 13 no próximo domingo (30/10), pois teme pelo futuro democrático do país.  Muita gente que não gosta de Bolsonaro, que o vê como despreparado e algo mais, está preferindo votar 22 com medo de Lula e o PT não terem aprendido a lição e permitirem corrupção desenfreada!

Agora, tem algo que vem deixando muita gente impressionada é como que Bolsonaro, tendo feito um governo voltado para classe média, deixando de lado a conversa ampla e se voltado para importantes, mas isolados grupos, em conflagração internacional, sem demonstrar solidariedade com os mais fracos (coisa que ele já disse ter se arrependido), conseguiu se conectar com os mais pobres e as camadas da chamada baixa classe média, especialmente.

Um amigo esquerdista chegou a me mandar uma foto de um carro velho, parado em frente a uma casa humilíssima com adesivos de Bolsonaro 22. Ele demonstrava incredulidade e perguntava: como pobre pode votar no Bolsonaro?! Meu caro amigo, não obteve uma resposta imediata de mim, de pronto. Era nítida a arrogância dele ao interpretar aquela imagem.

Já destaquei por aqui como as camadas populares na região norte e Amazônica passaram, em boa parte, a se encantar com Bolsonaro. Ele deixou às vísceras como a esquerda cuidava mais da mata do que do povo, especialmente durante a crise da recessão de 2015/2016, que se arrastou por lá até 2018. Isso ficou evidente para os que tinham dúvida após o PL, em 2022, ter eleito uma indígena e uma negra na Amazônia, além de ter alcançado maior votação nas regiões de desmatamento. 

E no resto do Brasil, como foi essa conexão de Bolsonaro com os mais pobres, se ele não tem valores políticos que geram menos oportunidade para essa camada da população? Vírgula, antes do ponto de interrogação. 

Bolsonaro, mesmo com seus erros com as mulheres e a não-solidariedade, faz o caminho com os pobres através da religião. Os evangélicos, especialmente os neopentecostais, que estão fechados com Bolsonaro, há anos vem sendo massacrados com a informação de que Bolsonaro é o Messias que veio salvar o Brasil do comunismo, que vai fechar igrejas, que não vai permitir aborto. O povo evangélico, nos cultos, ouve isso aos borbotões. Eles não têm ouvidos para os perdões legais que são dados aos chefões evangélicos e os favores outros que eles recebem.

As comunidades evangélicas de baixa classe média são notoriamente organizadas e muitas delas estão envoltas no trabalho informal, que sofreu muito com a pandemia. A fé e a família foram fundamentais para essa gente, que acabou recebendo o Auxílio Emergencial. Eles estão sendo os que ganharam mais com a retomada da economia informal, eles logo se adaptaram a economia virtual que surgiu e foram os  que mais ganharam com a redução dos combustíveis, a “economia da motinha”, como se diz!

Essa nova classe média, pobres que ganharam um empuxo durante os bons anos do PT, viram perdas aos montes, durante Dilma Rousseff. Bolsonaro falando a fé e na combinação atávica do Messias, que veio para salvar, chegou em boa parte da pobreza!

Os muito pobres ainda estão com Lula, mas Bolsonaro só colou no ex-presidente, face a tantos defeitos, falta de solidariedade e xenofobia a pobre, pois conseguiu fazer uma conexão especial com muitas camadas humildes e emergentes.

Numa disputa tão acirrada, onde parece difícil imaginar que alguém possa roubar voto do outro, surge forte a convicção que o vencedor será aquele que conseguir mais de seus pobres e não dos remediados e ricos!

Bolsonaro e Lula / FOTO: InfoMoney


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