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Como ficarão os votos de Lula no Nordeste?

Uma coisa é certa, se no Brasil a ausência de Lula na urna terá efeito vigoroso, no Nordeste terá um caráter bem mais impactante

28 de janeiro de 2018, às 19:27 | Genésio Júnior

Aconteceu o que se previa. A condenação ao Ex-Presidente Lula foi até além. A pena ficou ainda maior que a dada pelo juiz Sérgio Moro. Existem mais 9 ações. O discurso político que o Ex-Presidente já vinha tocando, de perseguição, tende a não se sustentar por muito tempo. Sua, aparentemente, inevitável prisão terá caráter incalculável.

Lula alijado da corrida sucessória, fora da chapa de 2018, mas solto poderia influenciar muitos nas disputas estaduais e na eleição presidencial. Recente pesquisa Datafolha sinaliza que esse poderio de transferência de votos poderia chegar a 30% de intenções de voto.

Já argumentamos por aqui que os nordestinos são os mais fiéis a Lula e que eles não ficariam órfãos, politicamente. Inicialmente, coloquei os candidatos nordestinos, como Ciro Gomes (PDT), ex-ministro, ex-governador do Ceará, duas vezes candidatos à Presidência, e o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner. O deputado Jair Bolsonaro, que não tem nada de nordestino, já mandou avisar que deseja os votos dessa gente forte.

Na onda da antipolítica, que o deputado fluminense representa, existem experiências eleitorais em que eleitores votaram tanto num ultraesquerdista como num ultradireitista, como se viu na eleição no Rio de Janeiro de 2014. Destaque-se que apesar do discurso de muitos apoiadores, o ex-presidente Lula ficou famoso em usar seus aguerridos apoiadores históricos como argumento para apaziguar e chegar com sua capacidade de colocar grilhões nos mesmos. Ele segura os radicais para acalmar o Establishment. 

Ex-presidente Lula / Foto: O Globo

Mas, em verdade, como ficarão os eleitores que vivem na região que mais cresceu no Brasil na década passada? Os que habitam na região onde o Estado mais cresceu na primeira década do Século 21 vão se contentar com que se apresenta? Insisto em dizer que ninguém é insubstituível. Não existe vazio de poder. Os nordestinos não são centro-esquerdistas, eles gostam do milagre. O discurso lulista de que fez pelo Nordeste bate forte. As grandes lideranças nordestinas de centro, que também usaram do Estado, estão envolvidas com a Lava Jato, querem ficar com o espólio de Lula, seja em que situação for.

Ainda é cedo para ver como esses craques da política vão se comportar depois de março, quando o Ex-Presidente já pode ter sido preso. Até lá, pode-se dizer que pouco de consistente teremos. As conversas virão, aos sussurros, entredentes, mas logo serão sonoras e audíveis. É cada vez mais evidente a tendência dos partidos de esquerda de não se unirem em torno de um Lula, além da solidariedade; isso vai dar mais argumentos aos profissionais tomarem suas decisões. 

Uma coisa é certa, se no Brasil a ausência de Lula na urna terá efeito vigoroso, no Nordeste terá um caráter bem mais impactante. Não se esqueçam de que a maioria dos governos estaduais no Nordeste são alinhados ao Lulismo. Essa orfandade será dolorosa, mas tem data certa para ser enfrentada.


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