Como fica o Nordeste com Bolsonaro?
“Vamos priorizar os governadores mais afinados conosco. Governadores que fazem oposição, pretendemos dar tratamento secundário”, disse o candidato
Tudo indica que no próximo domingo, 28 de outubro, o candidato do PSL, o deputado federal Jair Bolsonaro, deverá ganhar e se transformar em Presidente do Brasil.
É tudo muito impressionante. Um político com origem no Rio de Janeiro, de um partido inexpressivo, que sempre foi do baixo clero, extremamente conservador, mas que vem falando o que maioria dos brasileiros quer - combate firme à violência, busca da ordem, redução do Estado corrupto e caro, além de representar o anti-petismo.
Mesmo que alguma coisa mude, é mais que previsível apostar que o provável vitorioso não vença no Nordeste. Como vai ficar a região em um futuro governo Bolsonaro?
O Presidente do PSL, Gustavo Bebiano – tido e havido como futuro ministro da Justiça que deve agregar também o Ministério da Segurança Pública, disse neste final de semana numa entrevista ao “Estadão” que “com petista não há papo, não há diálogo, porque petistas são o mal para o Brasil. Com eles, PSOL, PC do B, com a extrema esquerda não haverá nenhum diálogo. Zero. O PDT do Ciro (Gomes) também acho difícil, talvez com um ou outro.”, disse. Ele só não citou o PSB, mas deve ser por esquecimento.
Há uns 10 dias, o próprio Jair Bolsonaro disse em entrevista ao jornalista Boris Casoy, da Rede TV! como vai lidar com os governadores de oposição.
“Vamos priorizar os governadores mais afinados conosco. Governadores que fazem oposição, pretendemos dar tratamento secundário”, disse o ex-capitão.
Dos 9 estados do Nordeste, sete eleitos no primeiro turno são do PT, PSB, PC do B ou do MDB. Nesse segundo turno, os favoritos na disputa do Rio Grande do Norte e do Sergipe ou é do PT, como senadora Fátima Bezerra (PT), ou é afinado com o petismo, como Belivaldo Chagas (PSD).
O Nordeste dificilmente será protagonista na disputa pelo comando da Câmara ou Senado. O deputado eleito Luciano Bivar (PSL-PE) que poderia se viabilizar para o comando da Casa do Povo, já foi rifado por Jair Bolsonaro, que já mandou avisar que não quer seu partido no comando da Casa. A maioria dos nordestinos importantes esteve aliado aos petistas ou seu afins. Exceções há, mas vão ter que remar muito.
No Senado, a maioria dos figurões perdeu mandato. O que sobrou, Renan Calheiros (MDB-AL), habilidoso que é deverá se preparar para mais adiante. Tudo indica que o comando da Casa de Rui Barbosa deverá ficar entre a senadora Simone Tebet (MDB-MS), líder de seu partido na Casa, e o senador eleito Esperidião Amin (PP-SC).
Não precisa ser bom de contas para ver que o Nordeste deverá ficar no final da fila.
Como o Nordeste vai sair desse iminente isolamento? No Governo Temer, administrações petistas não foram nem um pouco discriminadas - vimos casos no Piauí, Ceará, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte. Com Bolsonaro, o jogo deverá ser mais duro.
O provável novo presidente defende “um governo menos Brasília” e fortalecimento dos municípios. Entre as pautas reformistas, uma possível Reforma Tributária poderia ser um achado para reduzir as confrontações, especialmente se a proposta que avançar for um Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Bolsonaro não valoriza os partidos, mas tem seus vetos. O municipalismo pode se juntar a outras vertentes do poder despartidarizado!
O nordestino é famoso pela máxima de se encantar mais com o milagre que com o santos. Vamos aguardar os milagres!
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