Manifestações: Muito além de Bolsonaro!
Um governo com menos de cinco meses de vida, busca, mesmo que diga que não entrou nessa, mostrar que tem apoio!
As manifestações desse domingo, 26 de maio, vão entrar para a história da política do Brasil não pelo seu tamanho (não foram grandiosas para impressionar e nem minúsculas para se desprezar), mas pelo inusitado.
Um governo com menos de cinco meses de vida, busca, mesmo que diga que não entrou nessa, mostrar que tem apoio!
O presidente, em suas palavras disse que "é uma manifestação [...] com respeito às leis e instituições. Mas com um firme propósito de dar um recado àqueles que tentam com velhas práticas não deixar que o povo se liberte".
O Presidente afirmou durante a semana que nem ele iria aos eventos muito menos seus ministros. O PSL, partido do Presidente, decidiu não apoiar oficialmente os eventos. Grupos conservadores importantes, como o MBL e o Vem pra Rua, decidiram não entrar nessa. Os deputados do PSL, em sua maioria, foram ao eventos.
Nomes importantes do Congresso Nacional, como o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foram um dos mais atingidos. Eram muitas as pautas defendidas pelos manifestantes (apoios a reforma da Previdência, ao pacote anticrime, a Lava Jato, a Reforma Administrativa, a CPI da Lava Toga e repúdio ao Centrão).
As pessoas não podem esquecer que numa democracia o poder não é de um só, mas compartilhado com o Congresso Nacional, eleito e tão legitimado pela ruas como o chefe do Executivo, assim como outros poderes não eleitos. Existe o Poder Judiciário, que é constitucional, legítimo e legitimado pelas regras de sua formação. Existe, também, apesar de não ser constitucionalmente definido assim, as prerrogativas do fiscal da lei, que vem a ser o Ministério Público.
O Presidente da República ao falar que seria um recado para aqueles que desejam que o povo não se liberte, goste-se ou não, evidentemente, não joga palavras ao vento. Além de falar a seu público acaba incentivando os que teimam em se considerar mais dignos para atuar no jogo democrático. Isso é um erro de conceito.
Não vamos entrar aqui num torvelinho entre os que vêm méritos e erros do Presidente da República, que tem muito tempo de mandato, espera-se, para mostrar que poderá ajudar o país a avançar.
Chama atenção em meio a tudo isso que existem motivações nos eventos desse domingo, 26, que vão além do Presidente da República e de seu Governo.
Ressalte-se o apoio que parte considerável da sociedade brasileira dá a Operação Lava Jato. Durante os eventos se falou também no fim do foro privilegiado, que tem relação direta com a operação que surgiu em Curitiba (PR).
Os movimentos de membro dos PSL com o intuito de, na semana que se inicia, no Senado Federal, tentar de todas as formas manter o Conselho de Fiscalização de Operações Financeiras (COAF) nas mãos do ministro Sérgio Moro, contrários a defesa que o Presidente Jair Bolsonaro tem dado a aprovação da reforma administrativa (MP 870/2019) do jeito que veio da Câmara dos Deputados – é mais uma prova de que tem gente que se vê além do Presidente da República.
Bolsonaro diz que sua chegada ao poder tem uma ação divina associada com a vontade do brasileiro mudar a forma de fazer política. A força que as pautas de Sérgio Moro tem junto aos apoiadores no Congresso e das manifestações são indicativos de que existe algo que vai muito além de Bolsonaro.
Uma coisa é certa: teremos uma semana difícil pela frente!
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