Mas que dia 21 de abril foi esse!?
Em fase de retomada, face a uma crise econômica, como se sabe, é um momento de oportunidade mas, em tese, não se mexe no bolo quando ele está pequeno
A última semana do mês de abril começou com uma conjunção de datas.
O 21 de abril foi dia de Páscoa, momento para se celebrar o aniversário de Brasília - a nossa Capital Federal que chega a 59 anos, mais um dia para se relembrar a Inconfidência Mineira e dia de Tiradentes. Para completar é o primeiro 21 de abril do nosso novo Presidente da República, o improvável Jair Messias Bolsonaro.
Essas datas envolvem muitas referências, símbolos, destinos, muita história, que até parece sempre coisa de ontem, mas se esquece que marca o amanhã que ainda não chegou!
Tem a ver com a reinvenção ou renascer, com a determinação, conjuração e a expiação. Em meios a isso tudo tem muito mais. A Páscoa é momento de se reinventar, pois a ressurreição no mundo cristão é muito mais que dar a vida por uma causa maior (morrer na cruz para salvar a humanidade). A criação de Brasília foi uma determinação de mais de 200 anos para levar a capital do País para o interior.
A Revolução Mineira trazia as bases da República, pois quem pagava tributos deveria ser o principal beneficiária - a base para a cidadania, que marcava os sedimentos do governo da coisa pública. A morte do alferes pelas mãos do Estado mostrava uma característica de nossa sociedade, onde o estado veio antes do povo. As elites se protegiam para que o povo pagasse a conta.
O novo presidente, talvez face o seu perfil nem um pouco intelectual - não vem explorando o momento como poderia. Ele não fez referência a data. Não se há de exigir que tal inação seja empobrecedora para esse momento impar de nossa vida nacional. Noutros momentos, outros poderosos se fartaram de usar a data para isso ou aquilo.
O Brasil, de fato, deveria ver na cena pública, como seria importante a sua reinvenção, a sua ressurreição. Nossa sociedade e não os poderosos deveria perceber como são emblemáticos esses dias.
Brasília chega a 59 anos como uma metrópole, que não pode se servir do Estado, precisa se preparar para ser uma referência de uma novo federalismo que esse país precisa encarar. O novo presidente insiste dizer que vai fazer uma administração mais Brasil, menos Brasília.
Em fase de retomada, face a uma crise econômica, como se sabe, é um momento de oportunidade mas, em tese, não se mexe no bolo quando ele está pequeno. O momento de mexer na divisão da massa que forma o bolo é nos tempos de fartura. Quem teve essa oportunidade, em nome da próxima eleição e não da próxima geração, não o fez.
A pretensão de nosso novo presidente, tão desarticulado que é, e vivendo um momento em que a economia reluta em empinar, pode parecer um exagero, mas nossa pantagruélica crise fiscal poderá permitir (!), sim, que façamos algo inusitado. Uma costura federalista única. Certamente não ficará boa, será o possível.
O Brasil vem tendo muita oportunidades, que não só nossas. O mundo inteiro parece que está de cabeça para baixo.
Talvez, os nossos poderosos não tenham querido tratar desse amontoado de fatos que se juntaram nesse 21 de abril. Sabe como é! - melhor fingir que o bicho não é tão feio para que ele não queira nos engolir!
A mania brasileira do jeitinho! Às vezes dá certo!
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