Muito além da raiva, do ódio e da saudade!
O povão, o populacho, e a classe média, os medianos, estão unidos nesse momento em que ninguém acredita que a política poderá resolver nada
Semana passada, aqui neste espaço, salientei sobre o aumento da imprevisibilidade com vista às eleições nacionais de 2018.
A vida nacional, e agora com influência internacional, não cansa de nos surpreender. O Brasil tem quase US$ 400 bilhões de reservas em dólares, a inflação, no pior cenário, deverá chegar a 3,5%, o PIB deve ficar entre 2,3% e 3%, mas o aumento do dólar está pressionando muito os chamados países emergentes, e o Brasil no meio. O Mundo está de orelha em pé com a guerra comercial entre Estados Unidos e China. O aumento do juro na maior economia do planeta, os Estados Unidos, mexe com todos os cenários. Nesta semana, o governo poderá inaugurar uma nova relação com os preços do petróleo, visto que a União tem poder majoritário sobre a Petrobras.
Bem, e o que isso tem haver com sucessão presidencial? Muito, meus caros!
Os pré-candidatos que estão à frente nas pesquisas e os que estão lá atrás vão ter que enfrentar essa questão. O que vão fazer com uma economia tensionada, visto que essa imprevisibilidade não deve mudar de patamar até as eleições, seguindo no ano que vem? Reconhecendo-se que esse quadro vai obrigar ao Brasil a manter firme ajuste fiscal, que muitos apostam da ordem de 5% do PIB em 2019, o que eles vão apresentar aos brasileiros? Como postar essa questão severa aos brasileiros do Nordeste, que não querem saber de ajuste fiscal e redução do Estado e, ao mesmo tempo, convencê-los que vale à pena acreditar numa proposta verossímil!?
Não é fácil tratar desses assuntos. Faltam poucos dias para a Copa do Mundo; no Nordeste, antes disso, teremos as festas juninas, talvez a mais rica (?!) depois de anos seguidos de duras secas. A festa de Santo Antônio – e o mito da fertilidade - será antes da abertura da Copa da Rússia. Mesmo com tantas agruras, temos um período de festas!
Os pré-candidatos que estão à frente, Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes precisam enfrentar essa questão. Os que estão bem atrás, como Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e tantos outros, também não pode se esquivar. Infelizmente, a tendência é que os que estão à frente não vão querer tratar do assunto, e os que estão atrás vão tentar dizer que tem alternativas que não irão fazer os brasileiros sofrerem mais ainda!
É pouco provável que esses senhoras e senhores queiram tratar do assunto até a Copa do Mundo, deverão tentar adiar ao máximo essa temática espinhosa, porém o Governo do Presidente Michel Temer, vai ter que cuidar e operar o assunto, obrigatoriamente. Os movimentos da atual administração, exitosos ou não, serão decisivos, impraticável avaliar em sentido inverso, para medir os movimentos dos atuais pré-candidatos.
É inegável que as terríveis dificuldades que o país está enfrentando para lidar com um verdadeiro exército de 25 milhões de desempregados não garantem ao atual governo nenhuma facilidade, porém enfrentar os efeitos do dólar, ao menos, deverá ter impacto sobre a classe média. O povão, o populacho, e a classe média, os medianos, estão unidos nesse momento em que ninguém acredita que a política poderá resolver nada.
Se o atual governo conseguir alguma coisa com os efeitos do dólar, que reduziriam o impacto sobre as classes médias, poderia dar uma novo combustível às discussões sobre o futuro do Brasil. Os pré-candidatos terão que mostrar aos brasileiros algo além de raiva, ódio e saudade!
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