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Nordeste frente ao jogo PT x Bolsonaro

Esse movimento firme de Lula e do PT tem relação direta com o seu jogo pela sobrevivência política, mas atinge diretamente os interesses do Nordeste, goste-se ou não

03 de dezembro de 2018, às 09:30 | Genésio Júnior

A montagem do primeiro time do Governo Bolsonaro está quase finalizada. Não deixa de impressionar a grande quantidade de militares da reserva e da ativa. Os superpoderes na Economia e na Justiça, assim a presença, agora no final, do poder do velho MDB.

Justo neste momento em que o presidente eleito completou um mês de atuação pré-governo, o Partido dos Trabalhadores (PT) fez reunião de seu diretório nacional para analisar o pós-eleitoral e dizer como vai lidar com o governo que começará, efetivamente,  no dia 1º de janeiro de 2019.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma carta que foi dirigida não só aos seus correligionários, mas ao país e aos partidos políticos que desejam fazer contraponto ao iminente novo governo.

Se falou no final de semana, que o documento final do partido não fazia avaliações sobre os erros recentes, mas o que interessa mesmo é o pulso firme do ex-presidente com o partido e com a forma como pretende impregnar as ações das oposições de centro-esquerda no país. Esse movimento também precisa, e deve ser avaliado, pois o Nordeste do Brasil é o território dos partidos de centro-esquerda, hoje, no país.

Esse movimento firme de Lula e do PT tem relação direta com o seu jogo pela sobrevivência política, mas atinge diretamente os interesses do Nordeste, goste-se ou não.

Os desdobramentos desse movimento serão vistos durante a primeira semana de dezembro, pois o comando do PT, sob orientação de Lula, vai se reunir com os partidos de centro-esquerda, como o PSB, PDT e PC do B. A intenção é óbvia, para bom entendedor: medir as relações entre o jogo político e o jogo congressual. Mais que isso, pois tem relação com o futuro. Como se vai lidar com a diretrizes do novo governo e o jogo político. Qual vai ser o parâmetro da sintonia fina entre o que interessa à política e o que interessa às instituições.

Partidos como o PSB o PDT já deixaram mais ou menos claro que não vão fazer oposição por fazer oposição. Ainda não se sabe como vai ficar o PC do B. Ele tem necessidades de sobrevivência institucional (cláusula de barreira) e política. Partidos que não foram convocados para esse movimento, como  a REDE SUSTENTABILIDADE e o PPS, pretendem fazer das suas frente a esse arranjo. Voltando ao PC do B, há um grupo que pretende continuar como sublegenda do PT e outro que pensa em se unir a PSB e PDT, que desejam uma formação tanto política como congressual longe do PT.  A carta de Lula é clara. 

“O PT nasceu na oposição, para defender a democracia e os direitos do povo, em tempos ainda mais difíceis que os de hoje. É isso que temos de voltar a fazer agora, com o respaldo dos nossos 47 milhões de votos, com a responsabilidade de sermos o maior partido político do país. E como diz a companheira Gleisi, não temos de pedir desculpas por sermos grandes, se foi o eleitor que assim decidiu”, diz Lula.

O PT não quer deixar de ser hegemônico, apesar das falas que surgem, aqui e acolá de petistas importantes. A força do PT é inegável, apesar do mal momento. É o maior partido da oposição, maior bancada na Câmara, porém o que está em jogo é mais que os interesses do PT e de Lula.

Os  nordestinos, governados por petistas e outro partidos de centro-esquerda, como o PSB e PC do B – não podem ficar a reboque dos interesses partidários. O nordestino tem tradição de não se importar com santos, mas com os milagres. A carta de Lula já conta com o fracasso de Jair Bolsonaro e que vai ficar, certamente, com os frutos desse insucesso.

A luta política que o PT fez para chegar onde chegou merece todo o cuidado histórico, apesar do afâ de seus adversários, porém é inaceitável que o povo nordestino fique à espera do jogo de perde e ganha desses adversários políticos.

Lula e Bolsonaro / Foto: Poder 360


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