O PC do B enfrenta seus dilemas
Alguns partidos de esquerda não querem mais ser rebocados pelo PT, alguns deles não entram no discurso-mantra do “golpe”
O PC do B é um dos partidos mais importantes do País, tem 95 anos, apesar de pequeno e de ter enfrentado desde 1989 a condição de verdadeira sublegenda do Partido dos Trabalhadores. Seus adversários de direita, ou de centro, o acusam de ser “um puxadinho do PT”.
A bela e consistente deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila foi lançada pré-candidata à Presidência da República. No sábado, ela se reuniu com presidentes e membros importantes de partidos de esquerda, como o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, de outros partidos como o próprio PT, PV, PDT e PPS. “Somos retalhos de uma mesma colcha e os nossos militantes serão os costureiros da unidade”, sintetizou a pré-candidata do PC do B à Presidência da República, ao se referir aos partidos presentes no ato. Ela disse mais, que “não tentem nos dividir”. O ex-presidente Lula participou do ato de encerramento do congresso neste domingo.
Alguns partidos de esquerda não querem mais ser rebocados pelo PT, alguns deles não entram no discurso-mantra do “golpe”. O PC do B escolheu um belo (não só na forma) nome para se apresentar como candidata, porém até entre membros do partido muita gente acredita que não seja para valer. A gaúcha tem contra si alguns problemas. Ela é mulher e gaúcha. A ex-presidente Dilma Rousseff, goste-se ou não, com suas infelicidades gerou muitas dificuldades para a mulher na política, além de ter nascido politicamente no sul do Brasil, apesar de ser natural do estado de Minas Gerais. Já tratamos aqui das dificuldades dos sulistas de falarem para o todo o Brasil.
O maior problema do PC do B do Brasil não temina aí. Existe uma questão planetária que obriga o partido, e seus apoiadores, a enfrentar. A maior liderança do comunismo no mundo é o líder Xi Jinping, o novo Mao Tsé-Tung (morto em 1976), que vem a ser o maior defensor da globalização, a mais robusta “invenção” capitalista desde o “Consenso de Washington”, cunhado nos anos 90 do Século 20. Xi Jinping que foi a grande estrela do tradicional encontro em Davos, na Suíca, em janeiro deste ano vem falando com ênfase, seguidamente, como se viu no último encontro “Fórum Ásia-Pacífico” realizado no Vietnã. Xi Xinping na defesa do livre comércio.
No encontro dos Brics, em setembro, ele defendeu que esses países se arisquem e abram suas economias. É verdade que ele defende que se enfrente o novo momento. “Nós devemos aproveitar a oportunidade apresentada pela nova revolução industrial para promover o crescimento e mudar o modelo de desenvolvimento por meio da inovação", afirmou Xi em um discurso de 45 minutos em Xiamen, em setembro, na China.
Existe um enfrentamento que vai no âmago do PC do B e seu futuro. No evento dos comunistas ficou claro, especialmente nos aplausos à fala do ex-presidente Lula que participou do encerramento do congresso um apoio aos temas nacionalistas com fundamentação controversa. O evento dos comunistas contou com apoio expressivo dos filiados do Nordeste, que era o maior grupo, logo em seguida com os comunistas de São Paulo.
Os comunistas nordestinos têm como principal objetivo reeleger o governador Flávio Dino, no Maranhão, enquanto os comunistas que estão à frente no planeta apontam para outros rumos. É verdade que cada povo com sua realidade, com seus problemas. As dificuldades dos comunistas brasileiros são grandes, como são de todos que fazem política no Brasil, hoje, no entanto o partido tem que observar que o futuro não está ali, está aqui.
Uma Reforma Política nacional obriga a caracterização partidária. O PC do B merece respeito e tem que se respeitar nesse novo momento planetário.
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