O "Queremismo" no Nordeste vai tomar o país?
Lula não tem nada de rei e não foi um ditador mas a ida dele ao Nordeste, onde nada de braçadas, movimenta o mundo inteligente
Por muito tempo se costumou dizer que o jogo do poder de Brasília, o jeito “Camelot” que persegue todas as capitais politicas e institucionais no Mundo – se afastava do Brasil real, mas não iria contra ele!
A grande quantidade de jornalistas, de qualidade, que migrou para longe das redações e que têm a obrigação que vai além do editorial, que se curvam a angustia de seus contratantes aliado ao fato do Brasil ser uma das 20 economias do Planeta, não permite mais aquilo que muitos, especialmente os ideológicos, acreditavam perdurar: a comunicação de dominação das elites.
A caminhada que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai fazer sobre o Nordeste tem que ser vista além do mundo ideal dos apoiadores e adversários da proposta que busca inflar um “queremismo” em torno do líder petista. Bem, é bom lembrar, antes de avançar que “Camelot”, foi a forma como os estudiosos britânicos definiram a corte do Rei Arthur e que foi muito explorada na obra esplêndida de Gore Vidal, o intelectual e historiador americano que fez muito sucesso no último quarto do Século 20. Enfim, todas as cortes, sejam elas nobres ou republicanas. Sobre o “Queremismo”, foi o movimento nacional surgido a partir de 1948-49 que fez com que Getúlio Vargas, antes ditador e afastado do poder, voltasse ao topo na eleição presidencial democrática de 1950.
Lula não tem nada de rei e não foi um ditador, porém a ida de Lula ao Nordeste, território onde nada de braçadas, movimenta o mundo inteligente, e ingente, nacional. Descartada o exacerbar dos ideológicos à direita e à esquerda, não há duvidas de que foi o Nordeste a região brasileira que mais ganhou com os bons anos petistas. Foi apresentado ao país, justo lá, ações aparentes(?!) de desenvolvimento regional. Vimos logo que políticas de longo prazo não foram montadas, mas Lula associado às elites nordestinas apresentou soluções para agradar os ricos e aos pobres. Em nenhuma região do Brasil, o projeto do Governo Lula, notadamente, foi mais destacado.
A partir de 2006 até 2010, o último de Lula, ano-a-ano o Nordeste crescia quase o dobro da média do crescimento nacional. O aumento de arrecadação fruto do fluxo das commodities foi direcionado para o aumento e organização dos programas sociais e do avanço da presença do Estado. Foram criadas muitas empresas públicas. Uma parte da classe média nordestina foi largamente atendida, pois eles ocuparam esses espaços públicos. Estavam preparadas para tal.
Em nenhum local do Brasil, as classes médias foram tão atendidas como no Nordeste. Não foi só um governo para ricos e muitos pobres como se viu no resto do Brasil. O pouco avanço do BNDES no Nordeste deixou evidente que não existia uma proposta duradoura para a região, mas um arranjo. O BNDES não avançava no Nordeste como deveria, houve um enfraquecimento do DNOCS em contrafação do avanço da Codevasf por conta do projeto da transposição. A SUDENE rediviva não saiu do papel e tudo se movia pela capacidade de arrumação que Lula empreendia, os “dedazos” que faziam luz (fiatlux).
Lula vai tentar lustrar seus bons anos no Nordeste com essa caminhada entre agosto-setembro. Quem conhece o Brasil sabe que isso é importante para 2018, mas ele precisa levar essa onda para o resto do Brasil. Não será fácil!
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