Quem vai contrariar a realidade?!
O partido que se relacionou com Bebiano, durante a campanha, agora terá que se conectar diretamente com o Presidente
Vamos entrando nos dias finais de fevereiro com uma semana e tento pela frente!
Tudo indica com a primeira demissão de um ministro então tido como de extrema confiança do Presidente Jair Bolsonaro, a chegada das chamadas “medidas anticrime” e a apresentação à sociedade, ao Congresso Nacional e ao Forum dos Governadores da proposta de reforma da Previdência.
Não é mole não! Se não houver mudança de rumo deveremos caminhar em três vertentes.
A crise da saída de Gustavo Bebiano será decisiva para o futuro da relação do Palácio do Planalto com sua articulação política. Isso não se resolverá, facilmente. Existem muitas nuvens nessa história toda.
O partido que se relacionou com Bebiano, durante a campanha, agora terá que se conectar diretamente com o Presidente. Hoje, essa conexão, no Congresso, é feita, goste-se ou não, com os filhos parlamentares. Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), no Senado, e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), na Câmara. Não há como negar que esse é o novo status. O líder do Governo, Major Vitor (PSL-GO), é um neófito e tem o mesmo status dos noviços. O presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PSL-PE), está sob pressão, inegavelmente, pois Bebiano não vai pagar essa conta sozinho. Essa tropa vai trocar o pneu com o carro andando!
A reforma da Previdência chega ao Congresso Nacional com apoio institucional dos governadores. O pessoal do Nordeste, que tem a segunda bancada regional no Congresso, recheada de gestores nordestinos oposicionistas – aceita, inicialmente (ao menos os governadores!) uma reforma que não sacrifique o salário mínimo, mantenha um teto do INSS, garanta os mais fracos e aceite compensações duradoras para suas contas. Isso é uma boa notícia para o Planalto. Essa fiação tem sido feita com ponderação pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Bolsonaro vê Maia atuar sem conseguir influenciar como gostaria. Maia conversa com outros dentro do Governo. Um deles, Bebiano, foi para o vinagre!
As “Medidas Anticrime” chegam ao Congresso Nacional tendo muito mais atenção da sociedade que a reforma da Previdência. A sociedade quer enfrentar, e logo, a bandidagem que a faz lembrar como foram difíceis os tempos de economia depressiva. Moro tem a seu favor a credibilidade de quem colocou nas barras da Justiça meio mundo de poderosos, ricos empresários e ajudou a desmontar imagens que pareciam tão sólidas como as muralhas da China.
Vamos lidar nos próximos dias e meses com essa relação que não é fácil de conduzir. Uma base política que não confia em ninguém, uma reforma previdenciária que é fundamental mas que enfrentará uma preocupação que é mais forte para a sociedade, a questão do combate à violência, que todos aceitam e pedem!
Teremos um tempo confuso, e que não precisava ser assim!
O cimento da política é a confiança. Os acordos se montam na base da confiança, especialmente a um governo que disse ignorar os políticos. Aos oportunistas de toda ordem ficou evidente que os filhos do Presidente são as pessoas mais importantes desse Governo - nada irá adiante sem que eles afiancem.
Isso ficará restrito ao ambiente dos áulicos e lacaios do poder ou irá atingir todo o Governo? Essa é um dúvida legítima que vai marcar os próximos momentos. Esse é um problema real que poderá atingir o futuro das maiores reformas do Governo. Isso é inegável!
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