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A Reforma Trabalhista e Marina Silva

Vamos cuidar aqui de dois assuntos que podem não ter chamado tanta atenção, mas têm relação direta com a nossa cena política nordestina

03 de julho de 2018, às 10:30 | Genésio Júnior

Oficialmente, as fogueiras juninas estão se apagando e começamos com a contagem regressiva para as convenções partidárias.

Sempre alerto que o alarido dos fogos e os estupor dos arrasta-pés deixam junho propício para o dar de ombros para assuntos mais sérios.

Poderíamos deixar argumentações, e há fatos de sobra para tal, sobre esses dias polêmicos em torno da Lava Jato, que está tendo como palco a Suprema Corte Brasileira, no entanto vamos cuidar aqui de dois assuntos que podem não ter chamado tanta atenção, mas têm relação direta com a nossa cena política nordestina.

A pesquisa CNI-IBOPE divulgada nessa véspera de São Pedro e a decisão no dia do fundador da Igreja Católica pelo Supremo (STF) por conta da constitucionalização do fim da contribuição sindical obrigatória. 

A pesquisa CNI-IBOPE mostrou que a liderança nas intenções de votos, sem a presença do ex-Presidente Lula - está nas mãos da ex-ministra e ex-senadora Marina Silva. A decisão do Supremo sobre o fim da contribuição sindical obrigatória dá a reforma trabalhista, aprovada nesse Governo Temer, um caráter histórico.

Tanto a esquerda como a direita não gostaram nem um pouco dessas situações postas. 

Marina Silva / Foto: G8News

Como a maior frente que existe hoje no Supremo, especialmente junto as atenções da opinião pública, cuida do futuro da Lava Jato e a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - a decisão sobre a constitucionalização de um dos principais pontos da reforma trabalhista foi deixada de lado nas mídias sociais. 

A esquerda, e boa parte dos partidos desse espectro, já avisou que se voltar ao poder vai anular a reforma trabalhista - sofreu um grande golpe. Se esperava que as instituições ligadas ao trabalho, especialmente no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras menos votadas, iriam dinamitar a reforma trabalhista brasileira, o que acabou não vindo. A decisão do Supremo é um confirmação do Estado brasileiro e suas decisões.

Marina Silva, aquela que some e só reaparece a cada quatro anos, para surpresa de muitos - está deixando de lado, no Nordeste, Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Marina Silva, na ausência de Lula, está ganhando o eleitorado lulista que vê em sua figura alguém da base social com a sua cara que tem postura e, até por falta de oportunidades, não se apropriou do Estado. Os maiores críticos de Lula, e que não são da direita reacionária, dizem que o ex-presidente não poderia ter repetido os mesmos erros dos conservadores que tanto ele criticava.

Em recente entrevista, Marina Silva disse que não sumia não, que dava aula e que preferia surgir como desaparecida do que ficar aparecendo por conta da Lava Jato. Marina é aquela que nunca aparece, chama coletiva, trombeteia e dá opinião retumbante sobre qualquer assunto que mexe com a Nação. A maioria dos presidenciáveis não quis tratar desse protagonismo de Marina. Creem, assim como a maioria dos que analisam política neste país, que a ex-senadora vai virar pó, quando a campanha começar, frente a energia de Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, e as estratégias de Lula, especialmente quando lançar um substituto na corrida presidencial, ou até dos centristas, especialmente Geraldo Alckmin. 

Temos do que tratar, sim. A Reforma Trabalhista foi um dos pontos altos na cena política nordestina, não só para atingir o Governo Temer, mas para servir de bordão na guerrilha que se trava contra pauta reformista que constrange mais que faz evoluir. Os nordestinos, tão saudosos da melhor época de Lula, se encantam, também, por quem parece ter a sua cara mais que a sua ira.

A Política ainda tem muito o que nos oferecer, apesar do que se vê.


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