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Ruim para uns e também para outros!

Ninguém ainda sabe o que surgirá dessa recompensação gerada no Ceará. Os petistas têm sido hábeis em gerar suas alternativas

14 de janeiro de 2019, às 12:30 | Genésio Júnior

Nessa crise da segurança pública que assola o estado do Ceará, o governador daquele estado, o petista  Camilo Santana, lançou um pacote de medidas para enfrentar a alta criminalidade. Entre as medidas tomadas veio a criação de uma recompensa por informações que auxiliem os órgãos de segurança estaduais nas investigações criminais.

Foi o PT que criou, em 2013, a proposta da chamada delação premiada que gerou a lei nº 12.850/2013, que veio ao mundo face a crise das manifestações de 2013. Hoje em dia se fala sobre a precariedade das delações, que também geram muitos dividendos positivos.

Há quem diga que as delações premiadas estão contaminadas desde 2015, quando um procurador de Curitiba formulou a doutrina da  chamada “bosta seca”, que se baseia no entendimento de que havendo colaborações conflitantes não se aprofunda a investigação. Aceita-se a palavra do delator e, mais tarde, sentenças nelas baseadas acabam caindo nas instâncias superiores.

Ninguém ainda sabe o que surgirá dessa recompensação gerada no Ceará. Os petistas têm sido hábeis em gerar suas alternativas. Já se fala muito dos efeitos danosos do dedurismo que tanto ajudou a Lava Jato, por outro lado é natural que em tempos de superfortalecimento de um estado conservador onde os militares e forças de segurança terão, naturalmente, mais poder  o tamanho dessa política de favorecimento efetivo e imediato aos delatores para investigações criminais do dia-a-dia possa permitir perseguições.

Nas delações se tinha como parâmetro criminosos que participavam de delitos e em nome de um mal menor, que era reconhecido pelo Ministério Público ou a Polícia Federal, revelavam delitos maiores para melhor passar. No caso da recompensa que se apresenta agora, algo que ainda não está muito claro, um cidadão de bem irá revelar os crimes que possa estar vendo ou que viu, testemunhou ou tem condições de orientar as autoridades a melhor agir. Nos regimes de Estado superfortalecido alguns denunciantes podem exagerar no tom. Esse risco existe? Só o tempo dirá.

Os eventos que envolvem alta periculosidade no Ceará mostram parte das esquerdas se propondo a aceitar medidas de força que vão além do que normalmente os governos gauches toleram. Em verdade, as esquerdas estão em crise não só em situações como essas, mas de toda ordem nesses iniciais dias de Governo Bolsonaro.

O PDT que estava unido com o PSB e PC do B já rompeu o acordo e deve votar na candidatura de Rodrigo Maia(DEM-RJ), que já tem apoio do PSL para ser reconduzido ao comando da Presidência da Câmara. O PT busca rumo na vida parlamentar, onde tem chance de lucrar com divisões na busca de poder entre centristas. Os governadores dos partidos de esquerda buscam cada um seu rumo. Governadores do PSB não escondem que desejam ter uma articulação institucional com o novo governo conservador. Alguns governos petistas reduziram a estrutura de suas máquinas administrativas.

A  única governadora do PT no Brasil e do Nordeste, Fátima Bezerra, lá no rio Grande do Norte, faz o que pode para tentar colocar suas contas em dia sem massacrar os servidores. Terá dificuldades e, apesar de não confessar em público, vai adorar que Bolsonaro faça o trabalho sujo na reforma da previdência para enxugar suas contas.

Ainda não temos nem 15 dias de Governo Bolsonaro, mas vemos que se a vida não é fácil para os novos poderosos também não é nada fácil para as esquerdas que não estão com muito fôlego para gritar os equívocos bolsonaristas.

Janeiro é famoso no jogo do poder como um período em que pouco lembramos deles quando somos tragados pelos idos de março, já filtrados pelo Carnaval. Como se sabe, o Brasil não é para amadores.

Delações, lei da recompensa e os erros das esquerdas / Foto: Blog Juris Correspondente


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