O ocaso das lideranças nordestinas?
Até agora, destaque-se que o presidente eleito já indicou 12 ministros e nenhum deles é do Nordeste
Nesta semana, completaremos um mês de presidente eleito. Sim, isto existe! O deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PSL-RJ) já exerce essa condições há quase 30 dias.
Isso é importante por vários motivos. Um eleito com mais de 55 milhões de votos, um notório líder conservador eleito por vontade popular, um nome que não pertencia a elite política, um político do Rio de Janeiro, um ex-militar que chega ao poder pelo sufrágio eleitoral e que, publicamente, para espanto de muitos, diz que que não é o mais preparado, mas que chegou ao poder por decisão divina e popular. Não é pouco! Passado um mês desse novo momento nacional, o que temos?
O presidente eleito não está descumprindo o que prometeu. Seu superministro da Economia exerce essa função com desenvoltura. Nunca neste país, um ministro indicou nomes fundamentais para tocar e fazer a gestão econômica como se está vendo. Ele vem montando uma equipe de economistas liberais, em sua maioria, formados na escola da Universidade de Chicago, no estado do Illinois, nos Estados Unidos.
Os nomes que não vieram da economia são, não raro, destaque a indicação do então juiz federal Sérgio Moro – dentro do que se esperava. Gente não indicada pelos partidos, ligados às tendências que o apoiaram eleitoralmente ou foram mentores, como as sugestões do mobilizador conservador Olavo de Carvalho.
Agora, como está o poder do Nordeste nisso tudo? Não temos o que comemorar.
Destaque-se que o presidente eleito já indicou 12 ministros de um número que deverá ser próximo de 20. O presidente eleito pensava, inicialmente, entre 15 e 17. Nenhum deles é do Nordeste. Na equipe econômica, muito menos.
Existe a possibilidade, ainda remota, de que a esperada fusão dos ministérios da Integração e das Cidades nos traga uma surpresa.
Nessa semana que passou, os governadores nordestinos estiveram em Brasília. Prepararam um documento que será apresentado a Bolsonaro durante o Fórum dos Governadores do Brasil. É certo que os governadores nordestinos e as lideranças nordestinas, em geral, serão contrários à onda de privatizações que virá. Também, na semana que passou, o ministro indicado da Economia, Paulo Guedes, colocou um amigo pessoal, o empresário mineiro Salim Mattar para tocar as privatizações. A preferência de Guedes aponta que o indicado terá, efetivamente, carta branca!
Salim Mattar é homem do setor privado que fez a vida com operações ousadas que tem como característica o controle absoluto das ações empresariais ao lado de um dinamismo coorporativo típico da nova economia, inclusive do compartilhamento.
O presidente eleito falou neste sábado, 24, que pretende acelerar auditorias nos programas sociais. Ele disse, claramente, que não é contra os programas, mas que o governo tem a obrigação de mobilizar para que os que tem condições de trabalhar saiam da alça do Governo Federal.
Ressalte-se, também, que no Congresso Nacional não vê possibilidade de um nordestino ter algum protagonismo na disputa da Câmara dos Deputados. No Senado, se fala nos nomes dos senadores Renan Calheiros (MDB-Al) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Em tese, os dois nomes tem muitas dificuldades de seguir adiante. O primeiro é tradicional aliado do petismo e o outro surge tendo como articulador-mor, senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), aquele que será fundamental para o futuro político do sempre presidenciável Ciro Gomes (PDT).
O Nordeste vive seu ocaso político, depois de 30 anos da redemocratização. Tanto no atacado como no varejo, o quadro não é bom!
O que nos anima é que o jogo só acaba quando termina!
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