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Agora é esperar para ver no que vai dar!

Bolsonaro disse, há uma semana atrás quando teve revelado “mensagem pessoal” sobre vídeo de apoio a ele que tratava de convocação - que não estava defendendo nada neste sentido

11 de março de 2020, às 13:00 | Genésio Júnior

O Presidente Jair Bolsonaro assumiu publicamente que defende e apoia as manifestações do 15 de março.

Ele disse que as manifestações não são contra o Congresso e o Judiciário. Não poderia ser diferente, pois se dissesse outra coisa estaria cometendo crime de responsabilidade, pois a Constituição diz que o chefe de Governo e Estado não pode atuar contra os poderes constituídos. Foi retórico - disse que político que não aceita manifestação não deveria ser político. Bem sonoro, pois quem está na prateleira recebe olhares vistosos mas também sofre com a poeira e o desprezo.

Bolsonaro disse, há uma semana atrás quando teve revelado “mensagem pessoal” sobre vídeo de apoio a ele que tratava de convocação - que não estava defendendo nada neste sentido. Chegou a dizer que o vídeo nem atual era.

Já virou lugar comum falar das contradições do Presidente da República. Ele vai e volta em suas posições de acordo com suas conveniências. Aposta que seus apoiadores fiquem com o seu lado da história. A maioria não está nem aí com o contraditório, prefere o que ele diz. Os chefes de poderes não quiseram, dessa vez, se manifestar. Sabem que o terreno lhes é desfavorável nessa contagem regressiva ao 15 de março.

O Brasil já viveu momentos de manifestações pedidas pelos poderosos. Em 1964, o presidente João Goulart, também em março, fez o Comício da Central do Brasil que foi importante para o Golpe Militar daquele mesmo ano. Em agosto de 1992, o então presidente Fernando Collor de Melo pediu que todos fossem para as ruas de verde e amarelo. As pessoas foram de preto – isso acabou acelerando o Impeachment. Era um tempo sem internet.

Essa manifestação do 15 de março é pensada desde de janeiro, em apoio ao Presidente mas é inquestionável, basta ver o que acontece nas redes sociais, que ela está montada contra o Congresso e o Judiciário.

Num momento em que o Congresso dobra sua aposta no reformismo e quer aprovar relatório da reforma tributária em 45 dias, já entregou a reforma da Previdência e existe um negociação sobre o orçamento impositivo assim como um Judiciário que deu uma mão danada aos interesses do Presidente Bolsonaro, em segurar iniciativas que poderiam fragilizar o filho senador do Presidente, Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), quais as razões presidenciais?

Razões não faltam diriam alguns, inexistem elas diriam poucos. Ainda não terminamos o primeiro trimestre do ano e os especialistas em economia já dizem que o ano não será aquilo que se esperava. A divulgação do PIB de 2019, menor que os dos anos de Michel Temer, o presidente da República que saiu do cargo com a maior rejeição, foi um grande dissabor.

Se você conversar com algum apaixonado apoiador do nosso Presidente vai ouvir, quase sempre: tem muito bandido, o Presidente está tendo dificuldades, eles não deixam ele trabalhar! 

Parece evidente que o nosso presidente está preparando o terreno de suas dificuldades que na verdade estão sendo criadas pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes, e não obrigatoriamente pelos políticos e Judiciário, que também não são flor que se cheire mas têm que estar no vaso da sala democrática. O mundo inteiro vai sofrer com os efeitos econômicos do novo coronavirus. Bastava Bolsonaro colocar nesse fator externo a conta de suas dificuldades para melhor passar, mas ele quer mais.

Agora é ver no vai dar!

Manifestações estão marcadas para o dia 15 de março / Foto: UOL

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