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Agora, todo mundo sabe quem é que manda!

O Presidente da República vai enfrentar os próximos dias com algumas derrotas efetivas no Congresso e dá sinais à sociedade e a economia que ele é quem manda

17 de junho de 2019, às 11:00 | Genésio Júnior

O Governo Bolsonaro se iniciou cheio de esperanças e cheio de novidades. Surgiu sem a participação dos partidos políticos, não deu bolas para a presença de mulheres, grupos sociais e regionais. Disse que veio para ser diferente e montou 4 núcleo de poder muito claros.

Núcleo ideológico, núcleo militar e os grupos dos dois superministros, Paulo Guedes, na Economia, e Sérgio Moro, na Justiça e Segurança Pública. Essa montagem era inédita e vinha para socorrer um Presidente da República que não escondia suas limitações.

Tradicionalmente, no Brasil, desde a redemocratização, quando começamos a lutar contra a superinflação e baixo crescimento, os governos tinham no máximo dois núcleos que funcionavam como espelho dos mesmos objetivos unidos por um líder no Executivo. Com Bolsonaro vieram as surpresas.

Nesse mês de maio e início de junho vimos, claramente, o Presidente Jair Bolsonaro impondo abalos nesses núcleos, especialmente os não-ideológicos. Os militares, que foram vistos desde os bate-cabeça no governo, como o esteio de seriedade e sobriedade – sofreram com demissões de nomes importantes, especialmente do general da reserva Santos Cruz. Não é um nome qualquer, um general de verdade, não de papelão, não é um monte de medalhas, homem de estratégia e de ação com inegável formação. Foi demitido sem antes ser “fritado”, em fogo baixo a olhos vistos. Tinha uma amizade de 40 anos com Bolsonaro.

Desde o início das revelações contra o ministro Sérgio Moro, o Presidente demorou a se manifestar, quando o fez, antes, levou o auxiliar à praça pública, literalmente, e o testou num jogo de futebol com o time mais popular do Brasil; o fez colocar camisa de time de futebol que não era fã, como um político vulgar e oportunista. Depois vieram falas em favor, mas disse no final de semana que Moro não tem confiança 100%.

Agora, veio o caso da demissão, com direito a humilhação, do economista Joaquim Levy. O economista carioca não esperou e pediu para sair do comando do BNDES, em mensagem divulgada que foi enviada ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Levy é um grande profissional, foi importante assessor e ministro em diversos governos, diretor de grandes instituições financeiras, dirigente do Banco Mundial. Gente preparada para qualquer governo.

O que fica evidente é que Bolsonaro colocou todos os núcleos que montou a seus pés. A sensação generalizada, além do Palácio do Planalto, é que essa gente ou foi desautorizada ou diminuída de tamanho, eram maiores que o presidente que reconhecia suas limitações.

O Presidente da República vai enfrentar os próximos dias com algumas derrotas efetivas no Congresso e dá sinais à sociedade e a economia que ele é quem manda. Se o Presidente tem suas limitações como ele insiste em tomar tal caminho?

Ressalte-se que o núcleo ideológico do Governo que é tido como o mais despreparado continua intocado. O Presidente disse, no final de semana, que precisa mais ainda do povo. Pediu pressão sobre o Senado para que seu decreto das armas não vá para o beleléu.

Devemos começar a segunda-feira com nova previsão negativa do PIB e o Mercado assustado com mais esse sinal de desconfiança que é enviado a todos.

Fiquem certos que essa nova onda no Governo Bolsonaro,  nos movimentos do Presidente da República, não impressionam só a nós aqui, mas ao Mundo.

Chegamos próximo aos seis meses do novo governo do Brasil, tendo mais dúvidas que certezas sobre o que teremos pela frente.

Presidente Jair Bolsonaro / Foto: Exame


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